Semana: Puccinelli proíbe Moka de “passar” Delcídio e Zeca garante vinda de Lula no dia 24

“E você está proibido de ultrapassar o nosso senador Delcídio”. Diferente do que se pode supor a frase não partiu da boca de um petista, mas sim do governador André Puccinelli (PMDB) dirigida ao deputado federal, Waldemir Moka (PMDB), que concorre ao Senado, durante evento em Corumbá terra do senador petista. A declaração polêmica foi […]

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“E você está proibido de ultrapassar o nosso senador Delcídio”. Diferente do que se pode supor a frase não partiu da boca de um petista, mas sim do governador André Puccinelli (PMDB) dirigida ao deputado federal, Waldemir Moka (PMDB), que concorre ao Senado, durante evento em Corumbá terra do senador petista.

A declaração polêmica foi gravada no mesmo evento em que o governador prometeu dobrar o número de famílias atendidas pelo Vale Renda condicionando a promessa à eleição de um candidato que apóia para deputado estadual, fato noticiado pelo Midiamax na semana anterior.

Nesta semana, o governador foi alvo ainda de outras polêmicas. Na Assembléia Legislativa, deputados do PT o acusaram de compra de votos e perseguição eleitoral. A reportagem flagrou repartições públicas vazias em pleno horário de expediente. Os servidores foram convocados para reunião política na sede do PMDB.

Vazias também estão as sessões na Assembléia, mas nem por isso menos apimentadas. Em plena quinta-feira, dia 12, na presença de apenas quatro colegas os deputados estaduais Paulo Corrêa (PR) e Ivan de Almeida (PR) trocaram farpas em público. O motivo é antigo: o avanço das construções da empresa Plaenge no Parque dos Poderes.

Do lado petista, a semana foi de euforia. O candidato ao governo Zeca do PT confirmou a vinda do presidente Lula e da candidata à presidência, Dilma Rousseff, ao Estado no dia 24 para agenda em Dourados, pela manhã, e Campo Grande, à tarde.

Puccinelli, um delcidista?

A atitude de Puccinelli, em Corumbá, de brincar vinculando Moka a Delcídio, mais uma vez excluiu o outro candidato ao Senado de sua chapa: o vice-governador Murilo Zauith (DEM). Vale ressaltar que na primeira vez que isso aconteceu, em manifestação do governador, em Três Lagoas, Murilo anunciou desistência da candidatura e quase rompeu com o governador.

Mas, desta vez, adotou outro tom. Mesmo admitindo que o assunto é grave, Murilo foi comedido. Segundo ele, as declarações de Puccinelli, poderiam ter sido uma tentativa do governador de “fazer média” com Delcídio no reduto eleitoral do petista. “Eu tenho que tocar minha vida. Não vou mexer no meu astral”, minimizou o vice-governador.

Compra de votos e perseguições contra ‘Paulo do Mal’

No plenário da Assembléia, os deputados do PT acusaram Puccinelli de compra de votos, perseguição eleitoral e de constranger servidores públicos a apoiarem candidatos de sua coligação.

A acusação de compra de votos partiu do deputado estadual Paulo Duarte (PT) em análise a um episódio já mencionado nesta matéria, a declaração dada pelo governador em Corumbá (terra natal do petista) prometendo ampliar o número de beneficiários do programa Vale Renda caso candidato a deputado estadual, Oséas Ohara, que ele apoia no município, se eleja.

“Eu quero continuar com o Vale Renda, que tem 2500 famílias cadastradas. Mas… Se… Se o Oséas se eleger, e depende de vocês, esse número pode dobrar”, condicionou durante discurso gravado em vídeo divulgado pelo Midiamax.

O deputado Duarte se indignou. “Se isso não é uma compra de votos, não sei mais o que é”, disse. O parlamentar afirma que tem sido perseguido eleitoralmente pelo governador. “Ele me chama de Paulo do Mal e pede às pessoas para não votarem em mim”, relatou.

Outro petista que também afirmou conhecer indícios de irregularidades praticadas pelo grupo do governador nesta campanha foi Pedro Kemp. Segundo ele, há um e-mail sendo distribuído a servidores da área da Educação que convocam servidores para reuniões políticas de candidatos ligados a Puccinelli. Kemp revelou que está juntando o material encaminhado para detalhar o assunto com mais subsídio.

Tem alguém aí?

Quem esteve na Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), no Parque dos Poderes, na quarta-feira, dia 10, se deparou com a repartição vazia. Os servidores teriam sido convocados por Puccinelli para reunião na sede do PMDB, na Avenida Mato Grosso.

Nas instalações do Instituto Pantanal e do Imasul, salas vazias e portas abertas davam o ar de abandono. A reportagem esteve nos dois órgãos por volta de 16h15 e pode andar livremente pelos corredores e salas onde telefones tocavam sem servidores para atender.

Na sede do PMDB, a reportagem teve acesso à sala onde o governador se preparava para conversar com uma platéia de aproximadamente 80 funcionários públicos. Segundo alguns que estavam na parte externa do diretório, a maioria eram servidores que ocupam cargos comissionados e foram “convocados para a conversa”.

O governador confirmou que na platéia era formada por servidores e informou que a reportagem devia se retirar, já que a reunião era reservada. Ele ainda determinou que todas as portas do diretório fossem fechadas e foi imediatamente atendido.

Deputados não querem trabalhar na quinta-feira

“Eles estão com a cabeça nas eleições”, admite o presidente da Assembléia Legislativa, Jerson Domingos (PMDB), sem conseguir esconder a baixa produtividade dos parlamentares e as faltas crescentes.

Preocupados em manter sua vaga na Casa, os deputados deram início a movimento de bastidores para mudar os dias das sessões plenárias da Assembleia, atualmente de terça a quinta-feira. Uma das hipóteses levantadas pelos próprios parlamentares é passar a sessão de quinta para segunda-feira.

Há até quem defenda realizar apenas duas sessões por semana, hipótese, por enquanto, rejeitada pela maioria dos parlamentares. Fechar o Parlamento em dia de semana pode ser um risco muito grande para a imagem de quem busca a reeleição.

Não sou leigo, não senhor!

Numa quinta-feira com baixo comparecimento de deputados, a sessão plenária tinha tudo para terminar em minutos e sem produzir qualquer fato que merecesse registro. Mas, os deputados Paulo Corrêa (PR) e Ivan de Almeida (PRTB) mudaram o quadro. Os dois trocaram farpas ficando no limite das ofensas pessoais.

Corrêa discursava na tribuna sobre projeto de lei de sua autoria que cria mecanismos para que obras a serem construídas no Estado não agridam ao meio ambiente. Em aparte, Ivan de Almeida que cobrou atitude do MP diante excesso de construções da Plaenge às margens de córregos na Capital.

Engenheiro civil, Corrêa discordou do colega e citou que ele “não entendia de engenharia”. “Posso não entender de segurança pública, mas de engenharia eu entendo (…) Se tem alguém aqui com problemas pessoais com a Plaenge não vou entrar neste mérito”, disse.

De volta ao microfone de apartes, Ivan se pôs a detalhar seu currículo. “Sou administrador com mestrado e atuante. Me graduei no Exército e fiz mestrado na universidade federal, fora o MBA. Eu não sou leigo. Fui chefe da Polícia Militar que comanda a PMA [Polícia Militar Ambiental]. Já fiscalizávamos esta questão [construções perto de córregos] (…) Hoje não há mais beleza natural no Parque dos Poderes. Só tem prédios. Em relação ao meio ambiente a Plaenge causa muito mal a Campo Grande”, disse.

Ivan aumentou a tensão no local ao reiterar acusações que ele já havia feito anteriormente contra a empresa. “É que aqui [a Plaenge] tem privilégios, [alguém] recebe vai lá e cede. Não vou citar nomes porque eu não tenho provas”, mencionou deixando o microfone.

Mais uma vez Corrêa discordou. “Não incorporo vosso aparte. Se tem algum culpado pela existência de prédios no Parque dos Poderes é a prefeitura de Campo Grande”, citou. “Respeito o senhor, mas tem que tirar do quesito emocional. Se está dizendo que tem alguém que foi beneficiado com falcatruas tem que ter provas”, disse.

Lula vem e Dilma também

Era noite de sexta-feira, 13 de agosto. Ressaltando, sexta 13, bem ao gosto dos petistas, quando o ex-governador que busca um terceiro mandato na chefia do Estado, Zeca do PT, fez uma esperada confirmação. Lula vem no dia 24 de agosto para cumprir agenda em Dourados e Campo Grande.

Lula deve chegar logo pela manhã a Dourados. À tarde o presidente já estará na capital. A candidata petista a presidência, Dilma Rousseff, chega a Campo Grande no final da tarde. E, no mesmo dia à noite, Lula, Dilma e Zeca fazem o 1º comício juntos na capital.

Lula e Dilma, inclusive, já gravaram para o programa eleitoral de Zeca do PT que vai ar a partir de quarta-feira, dia 18. O teor das declarações é mantido em sigilo, mas estima-se que o presidente tenha contribuído com a tentativa de vincular o ex-governador a sua imagem, hoje com índices recordes de popularidade.

Colaboraram: Celso Bejarano, Éser Cáceres, Liziane Berrocal e Vinícios Squinelo

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