Durou menos de 24 horas o blocão anunciado pelo PMDB e por outros 4 partidos. O governo Lula, petistas e dilmistas reagiram com rapidez e agora sobrou apenas uma coleção de notícias desencontradas a respeito da articulação peemedebista.

O líder do PP na Câmara, deputado João Pizzolatti (SC), afirmou ao Blog na noite de terça-feira (16) que seu partido não fechou acordo para compor, em 2011, um blocão com PMDB, PR, PTB e PSC. A declaração contraria notícia dada na tarde de hoje pelo líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), articulador do blocão e interessado em presidir a Câmara no próximo ano.

Segundo Pizzolatti, o PP não conversou com o PMDB sobre a composição para o próximo ano. “O que tem é uma conversa, que comecei há duas semanas, com PR e PTB”, declarou o pepista. “Até porque preciso consultar o partido, a base”, disse o deputado.

A notícia do blocão foi uma paulada na suposta boa relação entre PMDB e PT, os dois principais partidos da base de apoio da presidente eleita, Dilma Rousseff. Se virasse realidade, bloco anunciado com 202 deputados superaria de longe a bancada petista (88). O PT ficaria isolado em negociações por cargos na Câmara dos Deputados.

O principal objetivo da formação do blocão era garantir ao PMDB a primazia na escolha do novo presidente da Câmara. A eleição se dá no dia 1°.fev.2011, quando tomam posse todos os novos deputados. O PT tem a maior bancada eleita e, em tese, teria condições de eleger o presidente –o pretendente principal é o petista Cândido Vaccarezza (SP).

Com o blocão formado, a força para eleger um novo presidente da Câmara seria dos peemedebistas –que hoje já comandam a Casa, com Michel Temer (SP), eleito vice-presidente da República na chapa encabeçada por Dilma Rousseff.

Dilma

Depois do anúncio do blocão na tarde de hoje (16.nov.2010), a própria Dilma entrou em campo para debelar a cizânia provocada pelo PMDB. Ela disse a seus aliados que pretende fazer amanhã (17.nov.2010) uma reunião com Michel Temer. A petista e o peemedebista têm mantido uma relação cordata até agora, mas a formalização do blocão azedaria o clima.

Qual é o significado do movimento de hoje do PMDB ao tentar montar esse blocão? Muito simples. É o antigo PMDB velho de guerra tentando se impor agora no processo de transição entre o governo Lula e a futura administração Dilma. Houve uma tentativa de fazer um acordo com o PT a respeito de um rodízio na presidência da Câmara (2 anos cada um). Os petistas dizeram que só topariam se a regra valesse também para o Senado. Ou seja, nada feito.

Depois, os peemedebistas quiseram impor alguns nomes como ministros para Dilma. Não deu certo.

Sem sucesso em impor seus desejos, o PMDB resolveu então tentar garrotear o PT dentro da Câmara, com o blocão. Mas, agora à noite, parece que a estratégia começou a fazer água, com vários deputados e líderes dos partidos aliados negando intenção de formar a coalizão.

Resumo da ópera: será conturbada, para dizer o mínino, a relação congressual PT-PMDB.