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Polícia

‘Uma vida vale 8 anos?’, questiona irmã de Mayara após assassino ter progressão de pena em Campo Grande

Autor já havia sido condenado antes por lesão corporal e tentativa de homicídio. Fugiu pelo menos três vezes do sistema prisional e mesmo assim ganhou liberdade provisória nas vésperas do dia do crime. Ele também colecionava mais de dez passagens envolvendo violência doméstica
Mirian Machado -

A família de Mayara Fontoura Holsback, de 18 anos, assassinada a golpes de tesouradas pelo ex-namorado Roberson Batista da Silva em setembro de 2017 em Campo Grande, está desesperada e indignada com a progressão de pena que o autor teve após cumprir cerca de 47% da condenação.

Em novembro de 2018, ele foi condenado a 17 anos em regime fechado. Este mês, cerca de 6 anos depois da condenação, teve a regressão de pena, sendo conduzido para o regime semiaberto. 

A decisão é do dia 7 de março. Ele foi condenado a 17 anos e 6 meses. Até o momento, a contar de quando foi preso, cumpriu 8 anos e 11 meses.

A família, é claro, está revoltada com a situação. “Uma vida vale 8 anos?”, questionou a irmã da vítima. “A Justiça, em sua falha, decidiu que ele merece caminhar novamente pelas ruas e viver sua vida normalmente”.

Ela explicou que a mãe foi avisada da regressão, mas sem acreditar, a família foi procurar por mais informações e receberam a confirmação de que ele realmente havia ido para o semiaberto.

“Quando soltaram ele [época do crime], ficou menos de 24 horas e matou minha irmã. Agora já está vivendo normal e minha família com medo até de ir trabalhar, porque ele já ameaçava a gente antes, imagina agora”, explicou a irmã de Mayara.

Ela questiona ainda ele ter passado pelo psicólogo, já que, além de matar a vítima, havia tentado contra outras pessoas e é um criminoso com várias outras passagens. “É revoltante saber que, enquanto aqueles que partem são lembrados com dor, a impunidade ainda reina”, disse.

“Isso é um tapa na cara de todos que sofreram, que lutam por Justiça, que veem um sistema fraco, que protege mais um criminoso, assassino, do que aqueles que realmente precisam de proteção, que somos nós. E o pior, a sensação de que a dor, a perda, não importaram”, lamenta.

Roberson havia acabado de sair da cadeia quando matou Mayara. Ele já havia sido condenado anteriormente por lesão corporal e também por tentativa de homicídio. Fugiu pelo menos três vezes do sistema prisional e mesmo assim ganhou liberdade provisória nas vésperas do dia do crime. Ele também colecionava mais de dez passagens envolvendo violência doméstica.

Condenação

Roberson foi condenado durante julgamento no Tribunal do Júri em 1º de novembro de 2018. Para os jurados, ele tentou alegar que houve uma discussão, pois a ex não queria deixar de fazer programas sexuais e que ele proporcionava a ela uma vida de luxo, deixando inclusive, uma BMW e uma motocicleta com a jovem, além de joias.

“Resgatei ela, tirei ela desta vida (prostituição). Não tinha motivos para ela ter voltado”, disse aos jurados e juiz na época.

Com parte da pena cumprida, a previsão de progressão para o regime semiaberto é para setembro de 2024, caso tenha bom comportamento.

Assassinato

Na madrugada do dia 16 de setembro de 2017, o autor invadiu a casa da vítima, no bairro Universitário, em Campo Grande, e a atacou. Ela foi encontrada deitada na cama, enrolada apenas a um edredom, já sem vida. Ao lado do corpo, havia uma tesoura ensanguentada. A polícia ainda encontrou vestígios de sangue no quarto e banheiro da casa.

Após o crime, o acusado ficou um mês e meio da Justiça pelo assassinato, depois se apresentou na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), acompanhado de um .

Na delegacia, ele chegou a falar que a monitorava pelo celular de dentro da cadeia. Disse ainda que a matou para se defender, após ela tentar golpeá-lo com a tesoura.

*Matéria alterada às 8h35 para correção de informação

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