Trânsito de Campo Grande coleciona tragédias com jovens dirigindo carros potentes e de luxo

Acidente mais recente terminou na morte de Letícia Machado Gonçalves

Victória Bissaco – 02/09/2024 – 15:00

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Letícia, Hudson e Angela morreram em acidentes com carro de luxo – (Foto: Reprodução)

Carros potentes que chegam a velocidades impressionantes. Assim são alguns veículos que transitam por Campo Grande e enchem os olhos. Mas por trás de todo luxo, há, também, a imprudência de alguns motoristas. Seja por alta velocidade, seja por embriaguez, com ou sem morte, Campo Grande registrou diversos estragos de acidentes envolvendo veículos caros.

BMW envolvida em acidente – (Foto: Fala Povo)

A última vítima de acidentes envolvendo carros luxuosos foi a motociclista Letícia Machado Gonçalves, de 19 anos. A jovem seguia para um trabalho de freelancer quando, próximo ao cruzamento entre a Rua 14 de Julho com a Marechal Rondon, foi atingida pelo motorista de uma BMW, de 26 anos.

O rapaz foi levado para a delegacia, prestou depoimento e foi liberado. Algumas testemunhas contaram para a família da vítima que o motorista teria ‘furado’ o sinal vermelho e, então, atingido Letícia. Essa versão foi negada pelo condutor da BMW em depoimento, que disse ter respeitado a sinalização de trânsito.

Câmeras capturaram motorista atingindo Letícia – (Vídeo: Reprodução)

No último sábado (31), a família da motociclista realizou protesto no cruzamento onde a jovem morreu. O pedido é por Justiça, mas os familiares reclamam da dificuldade em conseguir câmeras de segurança que expliquem a dinâmica do acidente. “A 14 de julho, tem câmeras, e a gente não tem acesso a essas câmeras. Eu achava que essas câmeras eram para nós também, cidadão”, afirma a mãe da jovem, Ana Lucia Oliveira Machado.

Outro acidente que revoltou a população campo-grandense foi registrado no dia 22 de março, quando Arthur Torres Rodrigues Navarro, de 33 anos, atingiu o motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira, de 39 anos, na Rua Antônio Maria Coelho, em Campo Grande, e fugiu do local.

O homem é dono de um bar e havia acabado de deixar o local quando se envolveu no acidente. À polícia ele alegou que fugiu do acidente por ‘achar que não era grave’. O motoentregador foi socorrido em estado grave e morreu dois dias depois, em 24 de março, na Santa Casa de Campo Grande.

Motorista de carro que matou o motoentregador Hudson – (Foto: Arquivo, Midiamax)

A família de Hudson pedirá à Justiça R$ 1 milhão de indenização. De acordo com a advogada da família, Janice Andrade, o pedido será de indenização por danos morais e pensão para os filhos calculando a expectativa de vida de Hudson, que seria de aproximadamente 75 anos, sendo calculado R$ 3 mil por mês multiplicado pelos anos de vida do motoentregador. Com isso, o valor da indenização deve ser entre R$ 670 mil e R$ 1 milhão.

Arthur Torres Rodrigues Navarro, empresário do Bada Bar – estabelecimento localizado em bairro de alto padrão de Campo Grande –, ainda pode ter a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa. A delegada Priscilla Anuda, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, que investiga o caso, enviou a solicitação da suspensão da carteira de Arthur ao Poder Judiciário. Ela também pediu que o empresário fique proibido de sair da cidade e de frequentar bares e casas noturnas.

Um caso mais antigo e que já foi julgado resultou na morte de Angela Maria dos Santos Vieira, de 27 anos, em maio de 2023. A vítima estava como passageiro do veículo Jetta, carro que custa até R$ 200 mil, conduzido pelo namorado de 25 anos.

Câmeras flagraram o acidente – (Foto: Reprodução)

Bêbado e em alta velocidade, o rapaz ‘furou’ o sinal vermelho no cruzamento da Avenida Mato Grosso com a Rua Dr. Paulo Machado e atingiu um veículo Tracker, conduzido por uma mulher de 27 anos. Com a batida, a condutora teve o braço quebrado.

O namorado de Ângela foi absolvido pelo crime de homicídio. Assim, ele teve a pena reduzida a 4 anos e três meses. O Conselho de Sentença o condenou por lesão corporal contra as outras duas vítimas do acidente, pois foi entendido que a intenção não era matá-las.

Sem mortes, mas estragos ficaram

Além dos acidentes com morte, Campo Grande também registrou carros de luxos deixando estragos pela cidade. Um grande exemplo desta situação ocorreu no dia 18 de novembro de 2023, quando um motorista de McLaren 720S vermelha, avaliada em R$ 3 milhões, causou acidente com três outros carros na Avenida Afonso Pena e fugiu do local.

McLaren parou ao colidir em uma árvore (Leitor Midiamax)

Conforme as informações obtidas pelo Midiamax, a McLaren trafegava em alta velocidade, quando atingiu a traseira do Ford Fiesta. O Fiesta então atingiu a traseira do Etios, que estava parado aguardando o semáforo abrir.

Após a colisão, o Fiesta ainda foi desviado e atingiu um Ônix, que estava estacionado. O acidente aconteceu nos altos da Avenida Afonso Pena e a McLaren só parou após invadir o canteiro central.

O veículo de luxo bateu em uma árvore e teve a frente totalmente danificada. Os airbags foram acionados. Sem proprietário ou motorista identificado, a McLaren foi apreendida e recolhida ao pátio do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul).

O condutor da McLaren, conhecido como ‘Festeiro do Dahma’, apareceu dias depois e disse que iria arcar com os custos do acidente.

BMW batida em muro – (Foto: Leitor Midiamax)

Mais cedo no mesmo ano, em 20 de julho, uma BMW ficou com a frente destruída após bater em um muro de um escritório de contabilidade. Quatro pessoas estavam dentro do carro.

O motorista estava fazendo ‘cavalinho de pau’ na Rua Manoel Inácio de Souza com a Rua Bahia, mas perdeu o controle e bateu contra o muro, destruindo a frente da BMW.

No carro estavam quatro pessoas, sendo que duas delas seriam adolescentes, segundo a polícia. Ainda segundo informações, os ocupantes estariam embriagados. 

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Camaralo amarelo, fotografado por um feirante

Em 2024, um caso foi registrado no dia 30 de maio. Uma leitora do Jornal Midiamax denunciou um acidente envolvendo um Camaro amarelo.

O motorista perdeu o controle do carro e invadiu a feira do Rita Vieira, quando as vendas haviam acabado de começar. O condutor estava em alta velocidade quando o acidente aconteceu. Nenhuma pessoa foi atropelada, mas algumas barracas foram atingidas e danificadas.

Ainda conforme o relato da mulher, após invadir a feira, o motorista deu marcha ré no carro, não parou para ver se havia atropelado alguém ou causado danos nas barracas e fugiu também em alta velocidade.

Também neste ano, uma batida de uma caminhonete Dodge Ram – avaliada em cerca de R$ 350 mil a R$ 400 mil – em um poste de energia elétrica deixou diversas casas sem energia na região do Bairro Tiradentes.

(Karine Alencar, Midiamax)

A colisão aconteceu na rua Afonso Lino Barbosa, próximo ao cruzamento com a avenida Ministro João Arinos. Segundo informações de testemunhas do acidente, tudo começou após o condutor de uma caminhonete Dodge Ram de cor preta, que seguia pela via no sentido centro, cruzar a avenida João Arinos em alta velocidade.

Ele então teria perdido o controle do veículo e acertado precisamente um poste, assim como a traseira de uma outra caminhonete – uma Toyota Hilux de cor branca. O caso ocorreu em 20 de junho.

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