Uma das vítimas importunada sexualmente pelo funcionário de um posto de doação, em Campo Grande, disse que o homem sempre ‘se jogava’ em cima dela para tentar ficar perto da jovem. No último dia 23 de maio, o homem, de 60 anos, foi denunciado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) após passar a mão em uma mulher, de 49 anos.

Após tomar conhecimento dos fatos, o posto decidiu afastar o funcionário, remanejado para outras funções. O nome do local será preservado pela reportagem a fim de assegurar o anonimato à vítima.

O caso registrado no última dia 23 não foi o primeiro, pois, duas vítimas do mesmo funcionário relataram situações semelhantes vivenciadas há pelo menos três anos. As jovens eram estagiárias na época dos fatos e chegaram ser remanejadas de setor para não conviverem com o suspeito durante o trabalho. 

As duas ingressaram juntas no posto, porém, eram de turnos diferentes, sendo que uma delas tinha mais contato com o suspeito, segundo relatos à reportagem do Jornal Midiamax. Após quase um mês de estágio, iniciaram-se as importunações.

“Ele passava a mão no meu cabelo, nas minhas costas, ficava falando que eu era linda, olhava com um olhar muito nojento para o meu corpo e um dia chegou a perguntar qual era a altura do meu namorado que qualquer coisa dava para ele sair no soco com ele”, relata. 

A jovem comentou que começou a se sentir incomodada e decidiu perguntar para a amiga se o funcionário teria feito algo contra ela, momento em que ela confirmou passar pelas mesmas situações.

O relato é de que o homem jogava o corpo para cima da amiga da jovem no intuito de se aproximar cada vez mais e ao ser advertido pela mesma, apenas riu. 

“Ele ficava do meu outro lado da balança na bancada e quando ia colocar os objetos para pesar, passava o braço na minha frente e jogava o corpo para cima de mim. Sempre vindo por trás de mim, sempre se jogando em cima de mim com o corpo dele, invadindo o meu espaço mesmo. Aí eu saía, ele ia lá atrás também. Teve até um dia que falei ‘olha, você está invadindo meu espaço, você pode muito bem dar a volta na balança, vamos parar’. Ele riu e ficou por isso mesmo”, conta. 

“Às vezes eu ia passar algum objeto para ele, ele colocava a mão dele em cima da minha para pegar o objeto, sem necessidade nenhuma, pois dava muito bem para pegar sem encostar em mim”, acrescentou a jovem. 

E ainda durante o período em que trabalhou no posto de doação, a jovem ouviu relato de outra mulher, que também era estagiária, dizendo que em uma das viagens a trabalho para realização de campanhas foi importunada pelo mesmo funcionário. 

“Ela estava sentada no ônibus e ele sentou do lado dela. Ele foi passar a mão na perna dela, nisso ela fincou as unhas dela na mão dele”, contou.

Uma das vítimas explicou que ao informar os supervisores e a coordenação sobre os fatos, as jovens receberam atendimento psicológico e foi realizada uma ata interna para registrar o ocorrido. 

Questionada sobre o motivo de não ter registrado boletim de ocorrência, a menina disse à reportagem que temia perder o estágio, já que era o único meio de conseguir dinheiro para pagar as mensalidades da faculdade. 

“Na época que isso aconteceu, a gente ficou com muito medo, por isso não fomos atrás de fazer boletim de ocorrência, a gente até pensou, mas ali era o lugar que ajudava a gente a pagar a faculdade”.

Denúncia na Deam

O funcionário foi denunciado na Deam após passar a mão em uma mulher, de 49 anos. O caso aconteceu na manhã do último dia 23 de maio.

A vítima – que também é funcionária – estava guardando um material e, ao se abaixar, o homem teria passado a mão em sua parte íntima, segundo o boletim de ocorrência. Imediatamente, ela repreendeu o homem e o mesmo teria dito apenas: ‘você me perdoa’. 

Outras pessoas estavam no local e presenciaram a mulher sendo importunada. Ainda conforme o registro policial, o homem trabalha há décadas no posto e já teria cometido importunação sexual com outras mulheres.

Jornal Midiamax acionou o posto acerca dos fatos e a reportagem foi informada que o funcionário foi afastado de suas funções no prédio onde trabalhava. Confira a nota:

“O servidor foi afastado de suas funções no prédio e transferido para outro setor, e que todos os processos administrativos relativos a investigação do caso já foram iniciados”, diz.

O local explicou ainda que ‘prestou todo apoio à vítima e que repudia de forma veemente, conforme preconiza o Código de Ética e Conduta dos Servidores, comportamentos desta natureza’.