Réu por matar atual de ex com tiro na cabeça em bar do Colibri nega ciúmes: ‘eu que terminei’

Réu surpreendeu vítima, que estava em bar com a namorada, e efetuou três disparos

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Antônio Carlos durante o júri popular nesta quinta-feira (17) – (Foto: Victória Bissaco)

Réu por matar com três tiros Fabiano Schmidt, de 42 anos, em um bar no Jardim Colibri, em Campo Grande, Antônio Carlos Medeiros Veiga negou que tenha assassinado o atual namorado da ex-companheira por não aceitar o fim do relacionamento. O acusado passa por júri popular nesta quinta-feira (17).

A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) aponta que o réu tinha ciúmes da ex-companheira, a qual, inclusive, estava com medidas protetivas de urgência contra o autor do homicídio. No dia do crime, Antônio Carlos teria surpreendido Fabiano no bar da Rua Catuba e matado a vítima com três tiros, sendo um na cabeça.

Antônio Carlos foi ouvido após sete testemunhas, sendo uma delas a ex-companheira dele. Ele responde por homicídio qualificado por motivo torpe e repugnante e recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, por porte ilegal de arma de fogo e descumprimento de medidas protetivas.

Em depoimento ao Tribunal do Júri, o réu afirmou que não tinha ciúmes da mulher. “Eu nunca tive ciúmes dela, eu que terminei porque não estava mais dando certo”, afirma. Sobre as medidas protetivas, afirma que a ex-companheira foi obrigada por Fabiano a pedir o mecanismo de defesa. “Ele espancou ela no dia e aí levou ela na delegacia”, afirma.

Isso porque, meses antes do homicídio, Fabiano e Antônio Carlos brigaram. No relato do réu, a vítima chegou a um bar onde o acusado estava e tentou cumprimentá-lo, mas Antônio Carlos recusou e disse “que não queria nada com ele”. A vítima foi embora e o réu foi atrás. “Acho que eu ia pedir desculpa, sei lá o que eu ia falar, mas não deu tempo. Ele abriu a porta da saveiro, me deu uma rasteira, chutou minha costela, meu testículo”, afirma.

Após isso, conta que ficou com medo de Fabiano, porque relatou que a vítima era usuário de drogas. Em 8 de maio de 2022, foi até o bar onde o homicídio ocorreu para comprar cerveja. Ele estava armado porque, segundo relato dele, iria viajar e sempre andava armado nas viagens de caminhoneiro que fazia. Contudo, a viagem foi cancelada e ele, que foi chamado para uma festa de aniversário, esqueceu de tirar a arma da cintura.

“Quando cheguei, desci da moto, coloquei o capacete no ombro e entrei no bar. Eu entrei e Fabiano levantou com tudo, pensei ‘ele vai me espancar, vai me matar’, eu estava com a arma na cintura. E aí saquei e atirei. Aí aconteceu o que aconteceu”.

Sete testemunhas, duas versões

Tanto a defesa quanto a acusação apresentaram testemunhas nesta manhã. A ex-companheira de Antônio Carlos e então namorada de Fabiano e seus familiares afirmam que Antônio Carlos não era agressivo e que a vítima assassinada costumava usar drogas, andar armado e agredir a mulher.

A ex-companheira do réu afirmou, ainda, que Fabiano a obrigou a pedir medidas protetivas de urgência contra o ex. Quando registrou boletim de ocorrência e, então, pediu as medidas, disse que Antônio Carlos a empurrou em uma festa infantil, puxou o cabelo dela, xingou-a de vagabunda e ameaçou matá-la, dizendo “você me fez jogar 20 anos de relacionamento fora para ficar com você. Vou dar um tiro na sua cara”.

Aos jurados populares, nega o fato. “Foi na hora da raiva. Fiz esse boletim por conta que o Fabiano queria que eu fizesse medida protetiva. Eu disse isso porque tinha que alegar um motivo para pedir a medida protetiva”.

O irmão de Fabiano e a filha da vítima também foram ouvidos. Os familiares descrevem Fabiano como uma pessoa “amorosa, carinhosa”. Ainda, negam que a vítima era usuária de drogas.

A filha de Fabiano declarou que o réu havia ameaçado o pai de morte. “Meu pai ficou com medo, porque o Antônio Carlos era caminhoneiro, era agiota, andava armado”. Bastante emocionada, relembrou o dia do crime.

Mandou mensagem no Dia das Mães me desejando feliz Dia das Mães, porque tenho um filho, e a tarde me mandaram mensagem dizendo que o Antônio Carlos matou meu pai […] ele realmente cumpriu o que prometeu, disse emocionada.

Relembre o crime

Fabiano foi morto a tiros no bar
Fabiano foi morto a tiros no bar (Foto: Marcos Ermínio)

Fabiano teria revelado ao irmão que já foi ameaçado e teve desavenças com o suspeito de ser o autor dos disparos, que é ex-namorado da mulher que estava com ele no momento do crime. Essas informações constam no boletim de ocorrência do caso.

Ainda conforme o registro, a atual companheira de Fabiano e testemunha da execução identificou o autor como sendo seu ex-namorado, contra quem, inclusive, possui medida protetiva por casos de violência doméstica no passado. Ela também revelou que o suspeito não aceitava o fim do relacionamento, bem como a atual relação dela com Fabiano.

Testemunhas disseram à polícia que o autor teria passado duas vezes pelo local, sendo que na segunda vez, parou a motocicleta a aproximadamente 50 metros do bar, deslocando-se a pé até o casal, onde na sequência efetuou os disparos e fugiu.

Corpo de Bombeiros foi acionado, mas o homem já estava morto. A Polícia Militar e a Perícia da Polícia Civil estiveram no local para realizar os levantamentos. Batalhão de Choque fez buscas na região pelo autor dos disparos, que não chegou a ser preso, mas se apresentou à delegacia cinco dias após o crime.