A Polícia Civil de Chapadão do Sul, cidade a 330 km de Campo Grande, realizou nesta segunda-feira (5) a reconstituição simulada do assassinato do comerciante conhecido na cidade como ‘Léo’, morto pela ex, que simulou um suicídio no último fim de semana. 

A perícia constatou que o homem foi estrangulado e não asfixiado como informado anteriormente.

O crime foi esclarecido à imprensa pela delegada Bianca Martins, em coletiva de imprensa nesta tarde.

Segundo a delegada, o assassinato teria acontecido por volta das 20h de sábado (3), após uma discussão entre os dois, que apesar de separados tinha uma convivência diária. 

Em um acordo de separação, a mulher ficou com a loja e a vítima ficou com o 1º andar, onde morava.

A polícia só tomou conhecimento do crime, após a mulher se apresentar na tarde de domingo (4) na companhia de um advogado. Ela compareceu na delegacia e afirmou que havia matado o ex, indicando onde estava o corpo.

Delegada Bianca Martins (Reprodução Redes Sociais)

Assassinato e simulação de suicídio

Os policiais foram até o local, na casa dele, no andar em cima da loja. O imóvel estava trancado, mas conseguiram entrar e encontraram a vítima, em uma cena que simulava um suicídio. Sentado, com um fio, aparentemente de internet, enrolado no pescoço, pendurado na porta.

Durante depoimento, ela contou que eles brigaram e entraram em vias de fato quando ela o matou. Ela foi questionada se ele estava em condições, mas a mulher disse que ele estava sóbrio e acordado.

Como ela se apresentou de forma espontânea, não havia elementos para uma prisão em flagrante, porém a delegada representou pela prisão preventiva da mulher, que foi indeferida pela Justiça, mas ordenou que utilizasse tornozeleira eletrônica.

Segundo a autoridade policial, foi cerca de uma hora de interrogatório, esclarecedor. A mulher aparentava estar abalada.

Disse que cometeu o crime sozinha, e depois contou para a filha, que também foi ouvida.

Reconstituição

A polícia realizou a reconstituição simulada dos fatos, para colher detalhes do crime e esclarecer outros. A mulher participou de forma espontânea da simulação, porém em certos momentos ela alegava não se recordar.

Ela teria justificado dizendo que a relação era muito conturbada. Ela tinha boletim de ocorrência contra ele, inclusive com pedido de medida protetiva, mas segundo a delegada, como ele frequentava o local com consentimento dela, não era caso de descumprimento de medida.

A mulher não morava mais no local, apenas trabalhava na loja que fica embaixo da residência da vítima, porém tinha acesso à casa.

O celular da autora foi apreendido e pedido de quebra de sigilo telefônico para investigar, por exemplo, se houve premeditação e outros envolvidos.

Relatos de agressões nas Redes Sociais

Duas semanas antes do crime, a mulher usou as redes sociais para relatar que vivia violência doméstica. Ela alega que era agredida, perseguida e ameaçada pelo ex.  Ela apareceu nos stories chorando e afirmando que a vida tinha virado ‘um inferno’ ao lado do ex. “Ele não está doente do coração. Ele só bebe, bebe pinga e tá devendo um monte de agiota, deve para Chapadão inteiro, para muitas pessoas”, disse.

Ela esclareceu que não tinha nada com a vítima e que estava divorciada, mesmo assim a vida tinha ‘virado um inferno’. Contou inclusive que era agredida com frequência.

“Ele já me agrediu muitas vezes, verbalmente, fisicamente, de me bater, de ficar roxa. Nunca falei para ninguém. Eu sempre escondi e as pessoas vê eu como vagabunda, que não vale nada, mas quem não presta aqui é ele”, afirma.

O vídeo, salvo nas redes sociais, acaba com ela fazendo um desabafo. “Ele vai me matar ou eu vou matar ele, uma das coisas vai acontecer”, diz.