A Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), que investiga os vídeos que viralizaram na internet onde crianças e adolescentes aparecem lutando em brigas de rua que são transmitidas pelas redes sociais, tenta identificar o dono da página que promovia as brigas em .

O perfil, na plataforma Instagram, contava com pouco mais de dez vídeos.

De acordo com a delegada titular da Deaij, Daniella Kades, mesmo sem o registro do boletim de ocorrência, a delegacia vai investigar o caso. Segundo a assessoria da Polícia Civil, além da Deaij, a DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) também atuará em conjunto na investigação.

Após a repercussão do caso, os vídeos foram todos apagados. 

Ainda de acordo com a delegada Kades, os pais das crianças podem ser responsabilizados pelo abandono, assim como quem está promovendo as lutas. 

Os vídeos são gravados em vários bairros da cidade, com recursos para dificultar a identificação de onde as lutas estão ocorrendo. Entre os lutadores estariam adolescentes, além de crianças. 

Em contato com o proprietário da conta, a reportagem do Jornal Midiamax descobriu que o jovem que promovia as lutas era também menor de idade, revelando ter 17 anos.

“Eu também sou ‘de menor' (sic) e não sabia dos riscos que a gente corria, por isso, não quero mais lutas, nem quero saber mais disso”, respondeu após ser questionado o porquê de ter apagado os vídeos.

Segundo ele, a página foi criada em agosto de 2023 e nunca foi monetizada. Questionado sobre como escolhia os lutadores, ele afirmou que eram eles quem o procuravam. “Aí nós vai e combina o dia e horário”, disse.

‘MMA de rua'

Os eventos clandestinos de ‘MMA de rua' reúnem amadores em combates sem regras que oferecem vários riscos à integridade dos participantes. Entre eles, muitos ‘lutadores' aparentam ser crianças ou adolescentes com menos de 18 anos de idade.

Em uma das páginas que reúnem os vídeos de lutas clandestinas na plataforma Instagram e tenta se vincular com o UFC no título, um jovem se apresenta como o organizador dos ‘eventos' de rua. Nela, adolescentes se enfrentam sem troféus ou cinturões em jogo, mas em busca da viralização.

O perfil na rede social conta com pouco mais de dez vídeos. As lutas são todas gravadas em locais públicos de Campo Grande, como praças, avenidas, e até mesmo no centro da cidade. Além disso, algumas envolvem pessoas em situação de rua.

Entre as regras apresentadas aos participantes estão avisados da proibição apenas para mordidas e chutes nas genitálias.

Assim, com luvas de boxe, os jovens embatem ao som dos espectadores, que incentivam: “dá na cara dele”, ouve-se ao fundo. Enquanto isso, uma criança acerta um soco na nuca da outra.