A PCMS (Polícia Civil de Mato Grosso do Sul) não comprovou as tentativas de sequestro e tráfico de pessoas para o exterior dos quais um casal morador do Parque do Sol, em Campo Grande, foi acusado. O homem, de 44 anos, e a companheira dele, de 38 anos, foram, inclusive, agredidos por populares após a suspeita.

Conforme nota emitida pela PCMS, o que ficou comprovado foi “um desentendimento por desacordo comercial”. Segundo as informações que constam no boletim de ocorrência, o casal chegou à conveniência do Jardim Imá, por volta das 16h do domingo (23), e, por várias vezes, elogiou o filho da proprietária, de 5 anos, dizendo: “seu filho é bonito, com ele você pode ganhar muito dinheiro no exterior”.

Cerca de duas horas depois, às 18h, a dupla solicitou preparo de quatro lanches para a viagem. A proprietária foi atender ao pedido e deixou o filho próximo à grade que limita a entrada de clientes na conveniência, a qual estava destrancada.

O homem teria, então, aberto a grade, pego o menino no colo e afirmado que iria “dar uma volta”. A mãe da criança teria percebido e correu para pegar o filho. Ela relatou aos militares que o homem chegou a colocar a mão na cintura, embaixo da camiseta, como se estivesse armado, sendo que a companheira dele interveio e disse: “larga mão, vamos embora”.

Eles foram presos no domingo e, ainda, recusaram-se a pagar o valor de R$ 650 que consumiram na conveniência.

Conforme a nota da PCMS, o casal foi ouvido e liberado, “porque, de acordo com o código penal, a pena para o fato por eles praticados é inferior a dois anos, não cabendo prisão em flagrante e sim Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)”.

O crime pelo qual o casal foi primeiramente acusado, isto é, tentativa de sequestro e até de tráfico de pessoas para o exterior, “não ficou comprovado durante oitivas”, diz a nota.

Linchados

Na noite da segunda-feira (24), no mesmo dia em que foram liberados da delegacia, o casal passou por um linchamento na casa vizinha onde moram. De acordo com apuração, nas redes sociais circulam informações com acusações de que os dois estariam sequestrando crianças.

Conforme as informações, populares avistaram os dois no local e passaram, então, a persegui-los. Os dois conseguiram correr para casa, mas o portão estava trancado. Então, entraram na casa vizinha, a qual estava com o portão aberto, e pediram socorro e um celular, para acionarem a Polícia.

Os moradores da residência ficaram bastante assustados com a população que pulou o muro, invadiu a casa e agrediu o casal. A mulher até contou ter sido atingida no rosto com um extintor de incêndio.

A polícia e os Bombeiros atenderam à ocorrência e ambos acabaram levados para a delegacia para apuração dos fatos. Por fim a investigação terá continuidade na 7ª DP (Delegacia de Polícia).