A Polícia Civil começou a ouvir testemunhas que participaram do evento clandestino realizado no autódromo internacional de Campo Grande na madrugada do último domingo (2). No local, Nicholas Yann Santos de Jesus, 20 anos, morreu após se envolver em um acidente entre motos.

O influencer que organizou o evento ainda não foi intimado. A polícia aguarda documentos e laudos para ouvi-lo.

Em entrevista coletiva na tarde de terça-feira (4) o delegado responsável pelo caso, Carlos Delano, disse que havia cerca de 3 mil pessoas no local.

O evento é considerado clandestino porque não tinha alvarás para a realização. Ainda após o ocorrido, o autódromo teve o certificado para eventos cassado. Além disso, o responsável foi multado em R$ 48 mil. Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o autódromo tinha certificado de vistoria válido de anos anteriores.

Dessa forma, os militares do Corpo de Bombeiros constataram que havia situações que não se adequavam para a certificação, como extintores vencidos, hidrantes não funcionando, brigada de incêndio faltante, além de outros itens irregulares. 

Briga judicial mantém Autódromo de Campo Grande ‘sem dono’ e ninguém assume culpa por mortes

Evento realizado sem autorização terminou com a morte do motociclista Nicholas Yann Santos de Jesus, de 20 anos, após ser atingido por outro piloto que empinava e realizava manobras perigosas, na madrugada do último domingo (2), no Autódromo Internacional de Campo Grande – localizado na rodovia BR-262 – saída para Três Lagoas. Enquanto isso, briga judicial se arrasta na Justiça pela posse do local e ninguém se responsabiliza pelos eventos realizados no espaço.

Sem fiscalização, eventos clandestinos tomam conta do autódromo e o resultado é trágico: Nicholas é a segunda morte em dois meses. No fim de março, Augusto Henrique Soares Pereira, de 19 anos, morreu após colidir uma moto em um guard rail.

Decisão de 2022, de 2º grau, reverteu à empresa privada Autódromo de Campo Grande a propriedade do espaço – que estava sendo administrado pelo município por força de sentença de 1º grau de dezembro de 2019.

A decisão, inclusive, foi utilizada pelo Município de Campo Grande em resposta a questionamento da reportagem do Jornal Midiamax, para se isentar de qualquer responsabilidade. “A Funesp informa que o Autódromo de Campo Grande não está mais sob a gestão da pasta desde 2019 e é particular”.

Representantes da empresa ainda não se manifestaram sobre o ocorrido. À parte disso, a Polícia Civil conduz investigação e indica que o organizador do evento, o influencer Manolo, deve responder pelo crime de homicídio doloso – quanto há intenção ou se negligencia os riscos da morte.

Entretanto, eventos clandestinos regados a bebidas alcoólicas, com execução de manobras perigosas, infrações às regras de trânsito e presença de menores é constante.