Dois conhecidos irmãos empresários que comandam restaurante de luxo em Dourados, de 49 e 40 anos, serão julgados pela Justiça Federal a partir de denúncia formulada pelo MPF (Ministério Público Federal) no âmbito da Operação Sanctus. Ação policial foi deflagrada em dezembro do ano passado.

A dupla é acusada de liderar esquema ligado a facções criminosas do tráfico internacional de drogas que operam principalmente no Brasil e no Paraguai. Juntos com os irmãos também foi denunciada a filha de um promotor do Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul e mais 5 pessoas que atuam em Dourados.

“(…) teriam se associado entre si e com outras pessoas, para formarem uma organização criminosa estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão informal de tarefas, a fim de traficar drogas do exterior para o Brasil e obter as vantagens financeiras decorrentes da ‘lavagem’ do dinheiro”, diz um trecho da denúncia.

Ainda segundo a denúncia, os irmãos empresários coordenavam a logística do tráfico de drogas e promoviam a ‘lavagem’ do dinheiro obtido com a atividade ilícita, fazendo circular elevados valores pelas contas da filha do promotor, que é advogada. As operações eram feitas com dinheiro em espécie, para dificultar o rastreamento da origem e do destino dos valores.

Agente da PRF ameaçado

Operação Sanctus, deflagrada pela PF, foi motivada a partir de ameaças a um agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Em decorrência das investigações feitas pela Polícia Federal e dos prejuízos causados ao grupo criminoso, um agente da PRF passou a ser alvo da organização.

Dados levantados pela operação mostram que dois pistoleiros foram contratados para matar o policial. O plano só não foi concluído porque a PF descobriu a intenção dos ‘empresários’.

As ameaças foram testemunhadas por familiares do agente, que chegaram a ver o momento em que um dos empresários passou em frente à casa do PRF em uma Amarok preta com celular direcionado para a residência, fazendo imagens para passar aos pistoleiros.

A investigação da PF descobriu que a organização criminosa era responsável por enviar grandes quantidades de drogas para cidades da região Sudeste do País.

O ‘negócio extremamente lucrativo’ é liderado pelos irmãos, que são ligados ao criminoso ‘Samura’, um dos líderes do CV (Comando Vermelho) na região de fronteira.

Tanto o faccionado do CV quanto os ‘empresários’ são de Capitán Bado, na fronteira com Coronel Sapucaia e já estavam monitorados pela PRF, que realizou apreensões de cargas de cocaína ligadas à organização em Dourados e região.