Justiça determina que comandante seja investigado após morte de recruta em Bela Vista
Além do comandante, outros três militares também foram incluídos no processo e deverão ser ouvidos
Mariane Chianezi –
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O Coronel de Cavalaria Kenji Alexandre Nakamura, comandante do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado (RCMEC) do Exército Brasileiro, em Bela Vista, cidade a 324 quilômetros de Campo Grande, é alvo de investigação da Justiça Militar após morte do soldado Vinicius Ibanez Riquelme, de 19 anos, durante curso de instrução em abril.
Conforme a decisão proferida pelo Juiz Federal da Justiça Militar, Jorge Luiz de Oliveira da Silva, que conduz o processo, pontuou que o comandante detinha responsabilidade das ações finais e que deveria ter identificado possíveis problemas durante o curso de instrução.
“O Coronel Kenji Alexandre Nakamura que, como comandante daquela Unidade Militar, detinha a responsabilidade final pela execução das ordens de instrução e pela segurança dos recrutas durante o treinamento. A falta de supervisão e a falha em identificar e corrigir os abusos antes que se tornassem
críticos, são falhas significativas na liderança da instrução, o que pode ter contribuído para a sequência de eventos desastrosos que se seguiram. Embora não diretamente envolvido nas operações diárias do campo de treinamento, os autos indicam que faltou diligência do Coronel Nakamura que deveria ter identificado possíveis problemas durante o evento antes que viessem a tomar a proporção que tomaram”, pontuou.
O juiz militar ainda pontua que na condição de comandante, Nakamura tinha a obrigação de estar com os recrutas e mostrar presença. Além disso, a ausência do comandante deixaram outros militares livre para agir ‘da forma mais truculenta e abusiva”
“Na condição de Comandante da OM, o Cel Nakamura, militar experiente, tinha a obrigação de comparecer ao local de treinamentos de forma constante, reunir-se com os recrutas e mostrar sua presença. É sabido que a presença do Comandante é importante fator inibidor de determinados comportamentos impróprios. Porém, não há notícias dessa presença do Cel Nakamura no treinamento. Os pretensos abusadores, em tese, sentiam-se à vontade para perpetrar suas práticas indevidas”, diz o juiz.
Além do comandante, também responderão o Capitão Antônio Stecca Rennó, o 1º Tenente Artur Figueira Souto, e a 3º Sargento Jennifer Oliveira de Arruda. O juiz aceitou a denúncia contra outros militares envolvidos, sendo o 2º Tenente Thiago Mauri Marçal, o 3º Sargento Victor Augusto Albuquerque Barros, o 3º Sargento Gustavo Doré Gonçalves, o 3º Sargento Arthur Castellani Lopes, o Sargento Breno Gonçalves Salles, o Cabo Lucas Romero Silvestre, o Cabo Everton Marim Figueiredo, o Soldado Luiz Eduardo Coronel Siqueira, o Soldado Weverton da Silva Dias, o Soldado Cleison Rodrigues Marinho, e o Soldado Marcos Vinicius Irala dos Santos. Estes devem ser citados para apresentarem suas defesas no processo.
Treinamento e morte
Vinícius passou por treinamento de campo com o grupo do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Bela Vista entre os dias 22 e 26 de abril. No último dia, os soldados voltaram em marcha, a pé, quando o recruta não suportou e caiu ao chão desmaiado.
Ele foi levado para a ambulância e depois para a enfermaria do quartel, onde ficou por 4 horas até ser transferido para o hospital local São Vicente de Paulo. O hospital solicitou ‘Vaga zero’ para Campo Grande e às 19h30 daquele dia ele foi encaminhado para a Santa Casa da Capital, onde morreu às 6h45 do dia seguinte.
“Eles foram forçados a comer alho e cebola com casca, ficaram durante horas expostos ao sol quente sem beber água, não foi autorizado atendimento no local do treinamento aos recrutas que estavam se sentindo mal, ou seja, houve omissão por parte dos responsáveis”, informou o advogado.
O treinamento ocorreu em meio a onda de calor já anunciada antecipadamente pela meteorologia.
Vacinação após morte
Devido à morte do recruta após treinamento exaustivo e confirmações de alguns casos de infecções virais, o Exército decidiu aplicar vacinas contra a Influenza para todo o efetivo do 10º Regimento. A campanha aconteceu na última quinta (2) e sexta-feira (3).
“O Comando da 4ª Brigada afirma que permanece em prontidão médica e de suporte às famílias dos militares afetados, para que não ocorra agravamento dos casos existentes”, disse em nota.
Denúncias sobre enxovais
Familiares de militares lotados no Exército de Bela Vista denunciaram coação supostamente praticada por militares para que soldados recrutas comprem enxoval específico ao ingressarem no serviço militar.
Entre os relatos feitos pelas mães dos soldados ao Jornal Midiamax está a lista do material de campo básico que exige o fardamento como item obrigatório, avaliado em aproximadamente R$ 700 e que, segundo elas, não é reembolsado.
Há relatos de que um dos recrutas estaria sem dinheiro para comprar o enxoval e, então, teria sido informado que colocariam pedras na mochila daqueles não comprassem o material, o que causou medo nos militares.
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