Investigador diz que padrasto de Sophia chegou a dormir na viatura ao ser preso: ‘Nunca vi isso’

Quando foi levada para a UPA, Sophia já estaria morta há quatro horas , segundo relatos da unidade de saúde

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(Nathalia Alcântara, Midiamax)

O investigador Babington Roberto Vieira da Costa depôs na manhã desta quarta-feira (4), durante o julgamento da mãe e padrasto de Sophia OCampo, morta aos 2 anos, e disse achar estranho quando Christian Campoçano chegou a dormir dentro da viatura depois de ser preso. Serão dois dias de julgamento.

“Normalmente o povo fica nervoso, tremendo. Mas dormir na viatura, é a primeira vez”, disse o investigador que atendeu o caso na época. Ele ainda falou que quando chegaram na residência, o padrasto de Sophia estava na companhia da mãe e dizia que a culpa era dele por não ter sido um bom ‘pai’.

Outro investigador que viu o corpo de Sophia na unidade de saúde ouviu das médicas que atenderam a criança acharem estranho Stephanie estar tão calma mesmo depois de receber a notícia da morte da filha. “A médica passou que tinha roxos e anormalidades no ânus e achava que havia sido estuprada e estava morta a 4 horas.”, disse no plenário do júri.

Tanto as defesas de Stephanie e Christian questionaram o policial não ter procurado câmeras de segurança que poderiam ter mostrado a chegada da mãe com Sophia. “Normalmente os casos não acontecem dentro da unidade e sim são levadas pra lá. Eu nem sabia se tinha câmera.”, disse o investigador.

Levada 30 vezes para unidades de saúde

Foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal, mas também sempre havia uma desculpa para a criança estar com aqueles roxos pelo corpo como: ter sido agredida pelo ‘irmão’ – filho de Christian – ou ter se machucado brincando.

Mas, o que foi descoberto depois deixou uma sociedade inteira horrorizada: Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro. Nos dois anos em que Sophia viveu, ela foi agredida pelo padrasto. A mãe nega que sabia das agressões à filha, mas conversas recuperadas  pelo Gaeco demonstram o contrário.

Nas conversas entre Stephanie e Christian, a mãe de Sophia combina com o companheiro a melhor forma de relatar os motivos para os machucados na menina. “Vamos dizer que caiu no parquinho.”, dizia uma das mensagens trocadas. 

Em agosto de 2022, a mãe de Sophia questiona o marido sobre uma marca de mordida no braço da menina, e ele responde: “sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais”.

No dia 16 de novembro, em mais uma mensagem enviada do padrasto da menina para a mãe de Sophia, ele fala que deu uma surra na criança, e que percebeu que ela ficou com um galo na cabeça e estava com a boca sangrando. 

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, teria apontado que a menina foi abusada várias vezes. “A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto, fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise.

Os dois ainda teriam sido denunciados por tortura contra Sophia quando ela teve a perna quebrada a chutes por Christian. A cena foi presenciada pelo filho do autor que prestou depoimento falando sobre o episódio. “Foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada”.

A menina tinha um trauma na coluna vertebral, o que na época foi dito pelo médico legista, que uma força muito grande pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.

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