Homem que matou namorado da ex em bar no Colibri é condenado a 14 anos em regime fechado
Fabiano Schmidt foi assassinado com três tiros e o autor negou que tenha cometido o crime por não aceitar o fim do relacionamento
Lívia Bezerra –
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Antônio Carlos Medeiros Veiga foi condenado a 14 anos de prisão na tarde desta quinta-feira (17) pela morte de Fabiano Schmidt, então namorado da ex-companheira, no Jardim Colibri, em Campo Grande. O crime aconteceu em um bar na Rua Catuba, no dia 8 de maio de 2022, e o autor se apresentou dias depois na 5ª Delegacia de Polícia Civil.
A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) aponta que o réu tinha ciúmes da ex-companheira, a qual, inclusive, estava com medidas protetivas de urgência contra o autor do homicídio. Contudo, Antônio Carlos negou aos jurados que tenha assassinado o namorado da ex-companheira por não aceitar o fim do relacionamento.
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Nesta quinta-feira (17), pouco mais de dois anos após o assassinato de Fabiano, o réu encarou o júri popular, sendo que a defesa que o representa pediu pela sua absolvição e, em caso de condenação, o afastamento das qualificadoras.
Antônio Carlos respondia pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe e repugnante e recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, por porte ilegal de arma de fogo e descumprimento de medidas protetivas.
Ao Tribunal do Júri, a defesa que representa o autor, sustentou a absolvição genérica em relação aos crimes de descumprimento de medidas protetivas de urgência e porte ilegal de arma de fogo. E no início da tarde desta quinta (17), o Conselho de Sentença acolheu a tese da defesa de afastamento da qualificadora do motivo torpe e absolvição pelo crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência.
Assim, Antônio Carlos foi condenado pelo crime de homicídio doloso qualificado, pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e também por porte ilegal de arma de fogo. A pena, de 14 anos de reclusão e 10 dias-multa, à razão de 1/30 do salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, deverá ser cumprida em regime fechado.
Julgamento
Antônio Carlos foi ouvido após sete testemunhas, sendo uma delas a ex-companheira dele. Em depoimento ao Tribunal do Júri, o réu afirmou que não tinha ciúmes da mulher. “Eu nunca tive ciúmes dela, eu que terminei porque não estava mais dando certo”, afirma. Sobre as medidas protetivas, afirma que a ex-companheira foi obrigada por Fabiano a pedir o mecanismo de defesa. “Ele espancou ela no dia e aí levou ela na delegacia”, afirma.
Isso porque, meses antes do homicídio, Fabiano e Antônio Carlos brigaram. No relato do réu, a vítima chegou a um bar onde o acusado estava e tentou cumprimentá-lo, mas Antônio Carlos recusou e disse “que não queria nada com ele”. A vítima foi embora e o réu foi atrás. “Acho que eu ia pedir desculpa, sei lá o que eu ia falar, mas não deu tempo. Ele abriu a porta da saveiro, me deu uma rasteira, chutou minha costela, meu testículo”, afirma.
Após isso, conta que ficou com medo de Fabiano, porque relatou que a vítima era usuário de drogas. Em 8 de maio de 2022, foi até o bar onde o homicídio ocorreu para comprar cerveja. Ele estava armado porque, segundo relato dele, iria viajar e sempre andava armado nas viagens de caminhoneiro que fazia. Contudo, a viagem foi cancelada e ele, que foi chamado para uma festa de aniversário, esqueceu de tirar a arma da cintura.
“Quando cheguei, desci da moto, coloquei o capacete no ombro e entrei no bar. Eu entrei e Fabiano levantou com tudo, pensei ‘ele vai me espancar, vai me matar’, eu estava com a arma na cintura. E aí saquei e atirei. Aí aconteceu o que aconteceu”.
Sete testemunhas, duas versões
Tanto a defesa quanto a acusação apresentaram testemunhas pela manhã. A ex-companheira de Antônio Carlos e então namorada de Fabiano e seus familiares afirmam que Antônio Carlos não era agressivo e que a vítima assassinada costumava usar drogas, andar armado e agredir a mulher.
A ex-companheira do réu afirmou, ainda, que Fabiano a obrigou a pedir medidas protetivas de urgência contra o ex. Quando registrou boletim de ocorrência e, então, pediu as medidas, disse que Antônio Carlos a empurrou em uma festa infantil, puxou o cabelo dela, xingou-a de vagabunda e ameaçou matá-la, dizendo “você me fez jogar 20 anos de relacionamento fora para ficar com você. Vou dar um tiro na sua cara”.
Aos jurados populares, nega o fato. “Foi na hora da raiva. Fiz esse boletim por conta que o Fabiano queria que eu fizesse medida protetiva. Eu disse isso porque tinha que alegar um motivo para pedir a medida protetiva”.
O irmão de Fabiano e a filha da vítima também foram ouvidos. Os familiares descrevem Fabiano como uma pessoa “amorosa, carinhosa”. Ainda, negam que a vítima era usuária de drogas.
A filha de Fabiano declarou que o réu havia ameaçado o pai de morte. “Meu pai ficou com medo, porque o Antônio Carlos era caminhoneiro, era agiota, andava armado”. Bastante emocionada, relembrou o dia do crime.
Mandou mensagem no Dia das Mães me desejando feliz Dia das Mães, porque tenho um filho, e a tarde me mandaram mensagem dizendo que o Antônio Carlos matou meu pai […] ele realmente cumpriu o que prometeu, disse emocionada.
Relembre o crime
Fabiano teria revelado ao irmão que já foi ameaçado e teve desavenças com o suspeito de ser o autor dos disparos, que é ex-namorado da mulher que estava com ele no momento do crime. Essas informações constam no boletim de ocorrência do caso.
Ainda conforme o registro, a atual companheira de Fabiano e testemunha da execução identificou o autor como sendo seu ex-namorado, contra quem, inclusive, possui medida protetiva por casos de violência doméstica no passado. Ela também revelou que o suspeito não aceitava o fim do relacionamento, bem como a atual relação dela com Fabiano.
Testemunhas disseram à polícia que o autor teria passado duas vezes pelo local, sendo que na segunda vez, parou a motocicleta a aproximadamente 50 metros do bar, deslocando-se a pé até o casal, onde na sequência efetuou os disparos e fugiu.
Corpo de Bombeiros foi acionado, mas o homem já estava morto. A Polícia Militar e a Perícia da Polícia Civil estiveram no local para realizar os levantamentos. Batalhão de Choque fez buscas na região pelo autor dos disparos, que não chegou a ser preso, mas se apresentou à delegacia cinco dias após o crime.
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