O júri popular do ex-marido acusado de matar Alessandra da Penha Cardoso, de 42 anos, em Paranaíba, a 407 quilômetros de Campo Grande, ainda não tem data definida para ser realizado. O crime ocorreu em 29 de agosto de 2023, há cerca de 1 ano, e o autor está preso no aguardo do julgamento.

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o juiz de Paranaíba, Edimilson Barbosa Ávila, deu sentença de pronúncia, ou seja, determinou que o ex-marido de Alessandra enfrentasse o júri popular, no dia 24 de julho deste ano.

Contudo, o julgamento segue sem data definida. Isso porque a defesa do réu entrou com recurso da decisão, mas ainda não apresentou suas razões. O processo segue no aguardo dos fundamentos do recurso da defesa.

Após as razões serem devidamente apresentadas, o juiz abre prazo para o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que denunciou o réu, manifestar-se sobre o recurso. É somente após toda a finalização desses prazos que o processo subirá para julgamento do Tribunal do Júri.

Medidas protetivas

O réu responde por homicídio qualificado pelo motivo torpe e agravado, por ser cometido com violação de medida protetiva. No dia 20 de agosto do ano passado, nove dias antes de matá-la, o MPMS já havia apresentado denúncia contra o ex-marido de Alessandra por ameaçá-la de morte.

Na ocasião, conforme a denúncia, o casal estava separado havia 12 dias, por motivos de traição. Dois dias antes, em 18 de agosto, Alessandra combinou de passar o final de semana na casa de uma amiga dela, com receio de que o ex-marido fosse até a casa da vítima.

No retorno para a casa, Alessandra encontrou o autor na frente da residência conversando com o filho dela, de 20 anos. O homem exigiu saber com quem ela estava e disse que mataria a ex-esposa e algum companheiro dela.

O homem foi para cima da vítima, que entrou em casa, sendo seguida por ele. O filho interveio a fim de mandar o homem embora, contudo, o autor pegou as chaves do carro dela, disse que levaria embora e quebrou os vidros do veículo. Alessandra acionou a PM (Polícia Militar) e o homem fugiu do local.

Carro ficou danificado pelo ex-marido – (Foto: Reprodução, Autos do processo, TJMS)

A equipe orientou a vítima a procurar a DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) e registrar o caso. Ela representou criminalmente contra o autor e chegou a ganhar Medidas Protetivas de Urgência.

Ameaçada na rua

Em 25 de agosto de 2023, cinco dias após ser ameaçada pelo ex-marido e quatro dias antes de ser morta por ele, Alessandra voltou a procurar a DAM para registrar mais uma ameaça que recebeu. Dessa vez, de um desconhecido.

Conforme o registro policial, um homem encapuzado parou a vítima na rua enquanto seguia para o trabalho. O autor estava com um pedaço de pau e disse: “você separou do seu marido, vou te ensinar vagabunda, vou te matar”.

A vítima também registrou que desconfiava do envolvimento do ex-marido nesse caso e imaginou que o encapuzado fosse alguém que conhecesse a rotina dela e da separação do casal.

No mesmo dia, o ex-marido foi interrogado na Delegacia de Paranaíba e disse que iria se manifestar apenas em juízo.

Crime

Alessandra estava chegando em casa, por volta das 10h30 da manhã, quando foi atacada pelo homem com um golpe de faca no pescoço. O autor do crime teria se escondido para atacar a vítima logo que ela entrasse na residência, segundo o site Interativo MS.

O Corpo de Bombeiros foi acionado, porém, ao chegar no local, a mulher já estava sem vida. O autor fugiu a pé após o crime, mas logo foi encontrado pela equipe policial dentro de uma casa na mesma região. Ele confessou que teria esfaqueado a ex-companheira e que também já estaria pronto para ir embora para Portugal.

Ela foi morta na frente de casa, em Paranaíba (Interativo MS)

Desesperado ao ver a mãe no chão, o filho da vítima acabou dando um soco na porta de vidro da residência e ficou com o braço machucado.

O crime foi registrado como feminicídio na DAM (Delegacia de Atendimento a Mulher) e o autor foi preso pela polícia e encaminhado para a delegacia de Paranaíba.