De volta a SP, preso por roubo na casa de Reinaldo diz perdoar os amigos: ‘Seguir com a vida’

Antônio Matheus de Souza Silva e mais dois amigos foram presos em São Paulo em carro alugado para cometer o furto

Victória Bissaco, Thatiana Melo – 24/08/2024 – 14:38

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Câmeras mostram Antônio em São Paulo no dia do furto – (Foto: Reprodução)

A soltura da prisão, após 75 dias, de Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos, acusado de participar do furto do apartamento do ex-governador Reinaldo Azambuja, de onde foram levadas joias, relógios e R$ 30 mil em espécie, representa uma página virada. O jovem deixou a supermáxima da Gameleira, em Campo Grande, nesta sexta-feira (23) e voltou para a Capital de São Paulo, onde mora com a família.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, Antônio diz pensar em recomeço e perdão. “Vou perdoar os dois e seguir com a vida. É uma sensação de alívio”, relata. O jovem foi preso no dia 10 de junho na Capital paulistana. Ele estava com Ítalo e Davi, também acusados pelo crime.

Segundo Antônio, foi preso um dia depois do próprio aniversário, e estava com os amigos porque os dois haviam o convidado para almoçar no shopping em comemoração. “Disseram que iriam pagar meu almoço. Os dois me buscaram no meu prédio, eu desci, entrei no carro e quando estávamos passando pela Praça da Sé [centro de SP] fomos presos”, conta.

Ítalo e Davi foram localizados porque circulavam no carro alugado para cometer o furto em Campo Grande. Antonio relata que chegou a chorar no momento em que foi preso e que os três tentaram explicar aos policiais que ele não estaria envolvido no crime.

“Eles nunca falaram porque fizeram isso, mas desde o começo disseram que iriam confessar o crime e dizer que eu não tinha nada a ver”, explica. Os três foram levados para o GARRA (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) DOPE, localizado no Bairro Bom Retiro, em São Paulo.

O jovem afirma que ficou incomunicável e sem conseguir falar com a família, porque apreenderam o celulare dele. No dia 11 de julho, foram transferidos com apoio dos policiais civis do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) de Campo Grande.

Quase 75 dias preso

O furto ocorreu no dia 8 de junho, mas só foi descoberto no dia seguinte, 9 de junho, quando o ex-governador percebeu ao voltar para o apartamento e ver que a porta havia sido arrombada. Azambuja estava em Maracaju, no dia em que teve o apartamento invadido. Os criminosos usaram a escada de incêndio para entrar e sair do apartamento, não usando elevador para não serem identificados.

As imagens de câmeras de segurança mostram que no dia 8 de junho, às 14h08, Antônio sai na portaria do prédio onde mora, em São Paulo. Ele está de camiseta listrada de azul e short, quando volta às 19h50 para o prédio com as mesmas roupas. 

Por volta da meia-noite e 27 minutos, Antônio é flagrado novamente saindo pela portaria do prédio de camiseta, de cor preta e calça de cor cáqui para ir até uma balada no Tatuapé, segundo a irmã. Além das câmeras de segurança que mostram Antônio na portaria do prédio no dia do furto, ele passou a madrugada do dia 9 na companhia de uma ficante indo para a casa da jovem, que postou fotos nas redes sociais do casal na balada.  

Antônio ficou 74 dias preso, dos quais 73 foram na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, presídio de segurança máxima em Campo Grande. À reportagem, disse que não foi maltratado nesse tempo e que chegou a ter contato com Ítalo e Davi, mas que eles nunca contaram o porquê furtaram as joias.

Recomeço

Antônio chegou por volta das 10h30 deste sábado (24) em São Paulo, onde reencontrou a família. “A gente se emocionou bastante”, conta. Durante o tempo em que ficou preso, a irmã dele Kelly Souza ficou em Mato Grosso do Sul para ajudar o irmão.

O jovem agradece o apoio da irmã e conta que os planos são ajudá-la. “Agora é seguir com a vida. Quero fazer faculdade de Administração e ajudar minha irmã. O que acalmou foi ela, que ficou comigo o tempo todo. Ela me ajudou bastante e foi muito guerreira”, pontua.

Para o Midiamax, Kelly disse que é um alívio poder ver o irmão saindo do presídio, “Meu irmão é inocente e Justiça foi feita”, falou a microempresária. Ela contou que largou tudo em São Paulo para vir para Mato Grosso do Sul e tentar provar que Antônio era inocente. Antônio foi preso junto de mais dois amigos logo depois do roubo a casa de Reinaldo  Azambuja.

“Eu só tenho gratidão a Deus.”, disse Kelly. Em julho deste ano, a Justiça havia concedido a liberdade condicional para Antônio, mas só depois de mais de 30 dias é que o rapaz conseguiu deixar a Gameleira. Mas por conta de uma burocracia, Antônio acabou ficando preso, segundo Kelly.

Antônio teria ajudado a vender as joias, segundo a PCMS

Segundo a Polícia Civil, Antônio teria participação no grupo criminoso, o “acusado mencionado foi flagrado recebendo os valores da venda das joias furtadas no apartamento em Campo Grande, junto com os outros dois responsáveis, já identificados (inclusive confessos), pelo furto ora investigado. Sendo assim, o acusado é suspeito de pertencer a referida associação criminosa”, diz PCMS. De acordo com a polícia, o inquérito já foi relatado, mas as diligências continuam.

Contudo, segundo o relatório da Polícia Civil, o trio foi visto por volta das 14h30, dias depois do crime, na Rua Barão de Paranapiacaba, onde há um prédio em que são negociadas joias. Pelas imagens coletadas pela polícia de São Paulo, Davi e Italo entram no prédio de mãos vazias e Antônio fica na frente do prédio.

Momentos depois, a dupla sai do prédio e, em seguida, o trio acaba preso no carro alugado para cometer o furto em Campo Grande, com uma sacola, de cor verde, onde foram encontrados R$ 67 mil da venda das joias. A esposa do dono da loja afirmou que dois homens, sem dizer quem seriam os autores, teriam negociado com seu marido as joias, e que eles não negociavam relógios.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, as imagens de câmeras apresentadas eventualmente pela defesa serão levadas em consideração, após verificar a sua real confiabilidade pelos exames periciais. Mas, mesmo com as imagens, não há isenção da participação de Antônio na associação, seja no levantamento de dados, seja na venda dos bens subtraídos da vítima a receptadores. 

Por fim, a polícia apontou que Antônio é investigado em São Paulo por furto qualificado em diversos outros inquéritos. A família nega que ele tenha passagens. 


Conteúdos relacionados