Essencial no combate ao crime, as câmeras de segurança instaladas em Campo Grande – cujo monitoramento é feito pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) – poderão também identificar indivíduos com mandado de prisão a ser cumprido.

Esta é uma das expectativas da corporação após a instalação de 112 novos equipamentos em Campo Grande, dos quais 10 terão a habilidade de reconhecimento facial. Todos os equipamentos devem ser instalados até o final de junho.

Assim, mesmo havendo quem não goste de ser vigiado, isso deixa de ser uma opção em Campo Grande. Com a instalação, quem passa principalmente pelo Centro da cidade passa a ser inevitavelmente filmado e, se houver alguma irregularidade, logo uma viatura pode aparecer.

Reconhecimento facial, treinamento e parcerias

Além de ajudar a identificar a pessoa, o novo sistema requer uma parceria que está em trâmite, para que o videomonitoramento tenha acesso ao banco de dados da Polícia Civil e, assim, possam reconhecer indivíduos com mandado de prisão em aberto, procurados, ‘fixados’.

Flagrante de furto de fios na Afonso Pena (Reprodução, GCM)

A função de reconhecimento facial tem um software específico e por isso as equipes que trabalham no monitoramento passarão por treinamento, adaptação e uma fase de testes. As novas câmeras irão se juntar aos 39 equipamentos já existentes na cidade. Algumas delas, que captam imagens em 4k, farão monitoramento 24 horas.

Ainda conforme a GCM, há possibilidade ainda que a parceria se estenda junto à PRF (Polícia Rodoviária Federal) e à PF (Polícia Federal).

O monitoramento já ajudou em inúmeras situações, principalmente nos casos de crimes contra o patrimônio, como, por exemplo, um homem que foi flagrado no dia 13 deste mês furtando fios de iluminação no monumento da estátua de Manoel de Barros, na Avenida Afonso Pena.

Como funciona

As câmeras, em geral, são importantes aliadas a todo tipo de situação, para elucidação de crimes – desde os de menor potencial ofensivo, como lesão corporal leve e furto simples, até os mais graves, como desaparecimentos, roubo e homicídios.

Assim, o trabalho de monitoramento ajuda a reduzir os crimes e auxilia na captura mais rápida dos criminosos. Quando algo de errado é identificado, a equipe que visualiza a situação aciona e envia a viatura mais próxima ao local, se for o caso, o individuo é encaminhado para a delegacia.

Em casos de acidentes, por exemplo, a equipe da Guarda assim que visualiza, envia uma viatura e faz os primeiros atendimentos acionando o socorro e depois acionam a polícia de trânsito conforme a necessidade.

Sala de monitoramento da GCM, em Campo Grande (Henrique Arakaki, Arquivo Midiamax)

Câmeras residenciais também ajudam

Além do monitoramento feito pela Guarda, câmeras de comércios e residências em toda a cidade também são aliadas no combate às condutas ilícitas.

“Imagens de câmeras de segurança ajudam na compreensão da dinâmica do crime e das suas circunstâncias. São muito relevantes para a delimitação da conduta de suspeitos e possibilitam que a investigação tenha melhora de qualidade”, explicou o delegado da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa), Carlos Delano.

Andreia Flores e Marco Antônio

Apesar de ser de grande ajuda, a busca por essas imagens é bastante trabalhosa, tanto a análise quanto a gestão para sua inserção nos inquérito e processo com observação da cadeia de custódia, segundo o delegado. Trabalho esse que se deve também em relação a datas e horários, já que muitas imagens tem o tempo alterado, por isso é necessário situar a posição geográfica de cada câmera para interpretação adequada das imagens e achar os momentos mais relevantes.

Pode-se citar crimes de grande repercussão que tiveram ajuda de câmeras de segurança na sua elucidação, o caso da pecuarista Andreia Aquino Flores, por exemplo, morta asfixiada dentro de sua casa, em um condomínio de luxo, no Bairro Chácara Cachoeira, em 2022. 

Os três acusados pela morte da pecuarista foram presos após as imagens obtidas do estacionamento de um supermercado ajudarem a polícia a concluir que uma farsa havia sido criada pelas duas funcionárias de Andreia.

Neste mesmo caso, a propósito, outras imagens apreendidas em uma loja, no bairro Tiradentes, mostraram as mulheres comprando um simulacro de arma, além de boné para o disfarce. Em 2020, as câmeras de segurança ajudaram também a traçar a linha temporal e provar a culpa de Clarice Silvestre pelo assassinato do chargista Marco Antônio. A vítima foi morta e esquartejada pela massagista e pelo filho, João Victor.