A advogada Eliane Medeiros de Lima, presa na deflagração da Operação Hades, que cumpriu mandados em Mato Grosso do Sul pela Dracco (Diretoria de Repressão à e ao Crime Organizado) de Alagoas, já foi investigada em esquema do Faraó dos Bitcoins, sendo apontada em relatório como ‘essencial para o esquema'. Em Mato Grosso do Sul, foram 61 mandados cumpridos.

Segundo informações obtidas pelo Jornal Midiamax, o ex-companheiro da advogada estaria envolvido com a organização criminosa e ela acabou sendo alvo de um mandado de prisão. Foram apreendidas joias, dinheiro e veículos. No total, foram 14 presos no Estado, sendo um homem preso em Jardim.

No Estado, foram 61 mandados, sendo 19 de prisão e 42 de busca e apreensão. O grupo atuava no tráfico de drogas e ostentava vida de luxo.

Os estados alvos foram: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, e São Paulo.

Segundo as investigações, as duas organizações criminosas atuavam no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outros crimes, e já teriam movimentado R$ 300 milhões. Ainda segundo as investigações, o grupo esbanjava uma vida de luxo, com imóveis de alto padrão, veículos e viagens. 

Foram mais de 300 mandados cumpridos em Alagoas e em outros 16 estados do país. A investigação começou em março de 2021 para apurar a atuação criminosa de quatro pessoas – sendo dois casais, que eram responsáveis pelo tráfico de drogas em Alagoas. 

Foi identificada ramificação nos 17 estados alvos da operação. Os criminosos que atuavam no tráfico, como fornecedores, e as pessoas que atuavam como fornecedores de drogas para os líderes das duas organizações criminosas investigadas.

A organização criminosa era liderada por um alagoano, que realizava a distribuição de drogas para outros municípios de Alagoas, onde há predominância da facção criminosa que o indivíduo integra.

Também ficou constatado que os fornecedores das drogas que abasteciam o mercado alagoano eram do estado de São Paulo. Eles recebiam as drogas de Mato Grosso do Sul. A droga era vendida pelo grupo criminoso e tinha como origem fornecedores do estado do Amazonas, que faz fronteira com a Colômbia e o Peru.

Vida de luxo

Os dois grupos utilizavam esquemas de lavagem de capitais, com a utilização de empresas de vários segmentos, como peixarias, de aluguel de veículos, de de automotores, depósitos de bebidas, de transportes de cargas, dentre outras. Além disso, ficou comprovado o uso frequente de contas bancárias de pessoas próximas e outras identificadas como laranjas, a fim de movimentar grandes quantias de dinheiro de forma ilegal.

Nesse contexto, foram verificadas movimentações financeiras de mais de R$ 300 milhões. Os membros das duas organizações criminosas ostentavam elevado padrão de vida com viagens, também utilizavam veículos e outros bens de luxo, além de possuírem residências e apartamentos em condomínios de alto padrão.

Investigada em esquema do Faraó do Bitcoins

A advogada Eliane Medeiros de Lima, que foi presa em Campo Grande na Operação Valeta, foi apontada em relatório da CPI das Pirâmides Financeiras (Comissão Parlamentar de Inquérito) como ‘essencial para a sobrevivência da organização criminosa'. Ela atuava no esquema de criptomoedas de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins. 

Segundo o relatório da CPI finalizado em outubro de 2023, a advogada participou de forma relevante no esquema junto de Lauriney que intermediaram a compra e venda de criptomoedas pelo Faraó do Bitcoins. Ainda de acordo com o relatório, a advogada se mostrou peça fundamental na liquidação de criptoativos, sendo que a liquidação foi feita a partir da madrugada do dia 26 de agosto de 2021, menos de um dia após a deflagração da Operação Kryptos. Ela utilizou empresas que controlava para intermediar negócio que transformou/liquidou milhares de Bitcoins em milhões. 

O relatório ainda traz que um dos fundadores e sócio da Capitual, Guilherme Silva Nunes, manteve relações comerciais com Eliane Medeiros de Lima, apontada, segundo a Polícia Federal, como uma das principais destinatárias de recursos da organização criminosa GAS e uma figura “essencial para a sobrevivência da organização criminosa após a deflagração da Operação Kryptos”. 

Foi feito o pedido para que a advogada seja indiciada por lavagem de bens, organização criminosa, crime de operação de instituição financeira e prática do delito de gestão fraudulenta.

A advogada e empresária — que também responde a processos na esfera estadual por golpes contra investidores de criptomoedas — é acusada de ajudar a venezuelana Mirelis Zerpa, esposa de Glaidson, a ocultar parte do R$ 1 bilhão sacado ilegalmente em agosto de 2021. O saque foi feito após a Operação Kryptos.