Tortura e cárcere: feminicídio de Francielle completa um ano com marido condenado
Adailton tentou simular uma morte natural da vítima e fugiu para outro estado após o crime
Renata Portela –
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Em 26 de janeiro de 2022, Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos, morria vítima de feminicídio após meses de tortura, em Campo Grande. O marido, Adailton Freixeira, foi condenado meses depois a cumprir 24 anos de prisão pelo crime.
O crime só foi descoberto após o delegado Camilo Kettenhuber, da 6ª Delegacia de Polícia Civil, desconfiar do laudo da funerária. Isso, porque inicialmente as equipes que foram ao local tinham a informação de uma morte natural.
A partir daí, o feminicídio passou a ser investigado. No Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) foram confirmados os vários ferimentos que Francielle tinha no corpo, confirmando uma morte violenta.
Também segundo os exames, ela foi vítima de estrangulamento, asfixiada com um cordão no pescoço. No entanto, a vítima já trazia marcas da tortura que sofria pelo marido, como dentes e unhas quebrados, cabelo cortado e as nádegas em carne viva.
Ainda logo após a morte de Francielle, o delegado Camilo relatou que familiares procuraram a delegacia e, ali, denunciaram que a mulher era mantida em cárcere privado. Isso teria começado após ela confessar um relacionamento extraconjugal.
Desta traição, Francielle teve um bebê, que na época do feminicídio tinha menos de dois anos. Por muito tempo, a vítima foi torturada e mantida trancada em casa, sem poder se comunicar com os familiares.
Foram dias de investigações até que Adailton fosse encontrado e preso. A partir de trabalho da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) com a Polícia Civil de Cuiabá (MT), ele foi detido na rodoviária.
Confessou tortura na delegacia e negou no júri
Dez meses após o crime, Adailton foi a júri popular, onde negou agressões à Francielle. No entanto, ele já havia confessado os crimes na Deam, após a prisão.
Então, sobre a morte de Francielle, afirmou que “só pegou no pescoço dela”. Ele ainda disse que após a janta a vítima tomou o medicamento e, depois de buscar água para a esposa, a encontrou caída.
Assim, teria socorrido a vítima e pedido para o filho adolescente chamar o Samu. Já sobre as acusações de cárcere privado, ele disse: “Não sei disso não”.
Porém, na delegacia Adailton não negou as sessões de tortura e disse que teria cometido os atos por uma suposta traição da mulher. Assim, o homem contou que a tortura começou com os cortes de cabelo que fez em Francielle.
Apesar disso, em uma das vezes chamou um barbeiro para ‘acertar’ o cabelo da vítima, pagando R$ 20. Também conforme Adailton, em uma das sessões de tortura ele chegou a esfaqueá-la no tórax.
Com isso, causou um corte de aproximadamente 10 centímetros, além de fazer cortes nas costas da vítima e perfurar a costela com uma faca de serra. Ainda segundo Adailton, ele teria ameaçado cortar as partes íntimas da esposa, caso ela continuasse a ‘mentir’ para ele.
Tortura e crueldade
Ainda em interrogatório, Adailton foi questionado sobre as nádegas da esposa, que estavam sem pele. Ele acabou alegando que ela caía muito e que por isso teria os ferimentos.
Assim, afirmou que o local havia infeccionado e ela que teria pedido para ele passar uma navalha, para retirada de pus. Então, após supostamente fazer o procedimento com a gilete, jogou água-oxigenada nas nádegas de Francielle ‘que parecia não sentir dor’.
Consta no registro policial que Adailton teria batido por 8 vezes com a perna de uma cadeira nas nádegas machucadas de Francielle. Também sem detalhar o motivo, ele confessou que bateu novamente na esposa após ela retornar da casa da irmã em dezembro, onde passou três dias.
Assim, teria dado chutes na barriga de Francielle naquela ocasião. Já sobre os dentes quebrados da esposa, Adailton afirmou que foram quebrados quando ela caiu no chão, e que a própria esposa teria terminado de arrancá-los com um alicate de unha.
Condenado a cumprir 24 anos de prisão
Em 21 de novembro de 2022, Adailon foi condenado. No júri, o Conselho de Sentença decidiu pela condenação do réu, que vai cumprir pena por homicídio qualificado por motivo fútil, recurso que dificultou defesa da vítima, feminicídio e meio cruel.
Ele também responde pelos crimes de tortura e cárcere privado, ambos qualificados. Ao todo, Adailton deve cumprir 24 anos, 2 meses e 5 dias de prisão em regime fechado.
Também deve pagar R$ 15 mil reais pelos danos morais causados à família da vítima.
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