‘Se ele não viesse pra cima de mim’, fala pedreiro serial killer sobre morte de idoso   

Pedreiro já foi condenado a 96 anos pelos outros seis assassinatos que cometeu em Campo Grande

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(Henrique Arakaki, Midiamax)

O pedreiro serial killer, Cleber de Souza Carvalho, enfrenta o banco dos réus mais uma vez, nesta sexta-feira (12), e durante o júri Cleber afirmou, “se ele não tivesse vindo para cima de mim”, sobre o assassinato Hélio Taira, de 73 anos, em maio de 2020. Pedreiro já foi condenado a 96 anos pelos outros seis assassinatos que cometeu em Campo Grande

Calmo no banco dos réus, Cleber ainda disse que tinha conhecido o idoso a pouco tempo através de um irmão da vítima, e no dia do crime, os dois estavam trabalhando em uma obra e era a terceira vez que trabalhavam juntos, disse Cleber. Ainda segundo o relato do serial killer, a briga que acabou na morte de Hélio teria começado após ele ‘mexer’ com uma criança que passava na rua.

Cleber relatou que pediu respeito ao idoso, na época, o mandando embora. Em seguida, entrou para a residência para terminar de concretar um piso, quando viu Hélio entrar na casa com um facão nas mãos falando, “você é bichão mesmo?’. 

Nisso, Cleber tomou o facão das mãos de Hélio e o matou com vários golpes. Depois, o serial killer cavou um buraco, e segundo ele demorou cerca de 30 minutos para terminar o buraco e jogar o corpo do idoso no local. 

O idoso foi a segunda vítima de Cleber, mas o penúltimo a ser encontrado. O serial killer confessou sete assassinatos em Campo Grande. Ele foi preso durante investigação da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios).

Sete vítimas do serial killer

Em julho do ano passado, Cleber foi condenado a 18 anos de reclusão pela morte de José Jesus de Souza, o ‘Baiano’, assassinado aos 44 anos. Foram 16 anos e 6 meses pelo homicídio e um ano e 6 meses por ocultação de cadáver.

Cleber e José teriam se desentendido enquanto cavavam uma fossa em um terreno baldio, na Travessa Menino de Jesus, na Vila Manoel Taveira. Após a discussão, Cleber deu golpes com um instrumento contundente na cabeça da vítima.

Depois, o pedreiro enterrou o corpo do colega no terreno. Após o homicídio, Cleber teria se apoderado dos bens da vítima, como imóveis que inclusive vendeu, e outros bens repassou na negociação de compra de um automóvel. Durante o julgamento, ele foi absolvido por estelionato.

Em maio de 2022, foi determinado redimensionamento da pena definitiva de Cleber, pelo homicídio de Timótio Pontes Roman, de 62 anos. Inicialmente decretada em 18 anos de prisão, a pena foi reduzida para 15 anos e três meses, além dos 10 dias-multa. A decisão foi da 3ª Câmara Criminal.

Durante o debate ocorrido no Tribunal do Júri, a defesa chegou a alegar insanidade de Cleber, o que foi rebatido pela acusação, já que não foi apresentado laudo médico. No entanto, os advogados relataram que o que aconteceu com o pedreiro foi um momento de insanidade quando cometeu o crime, já que estaria desestabilizado por conta da dívida com o agiota.

Em depoimento, Cleber disse que matou Timótio por causa da dívida com um agiota que já estava em R$ 18 mil. Ele contou que no dia do crime os dois passaram a discutir, já que ele estava cobrando Timótio do dinheiro para pagar ao agiota, e que só matou o amigo com quem costumava tomar cerveja depois que ele teria dito a frase: “quem mandou me emprestar dinheiro?”.

Após isso, Cleber relatou que pegou o idoso pelo pescoço e o jogou dentro do poço. Ele também falou que deu golpes com o cabo de uma picareta em Timótio e depois colocou a tampa em cima do poço, que ainda ficou entreaberto. Depois, trancou as portas da casa e foi embora.

Outra vítima do pedreiro foi José Leonel Ferreira, morto aos 61 anos. 

Cleber foi condenado a mais 18 anos e 6 meses de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Os jurados ainda determinaram a absolvição da esposa do pedreiro, Roselaine. No plenário, ela contou que acreditou no marido quando ele disse — após o crime — que tinha comprado a casa de José Leonel. O réu teria dito que o idoso tinha mudado de bairro.

Ela contou que ainda chegou a questionar o marido sobre os móveis que estavam na casa, mas o serial killer teria dito que a irmã de José iria buscar. Roselaine ainda relatou que ficou sabendo do crime quando a polícia chegou à residência, negando qualquer participação no assassinato. A morte de José Leonel deu início à descoberta da série de assassinatos provocados pelo pedreiro.

Cleber também sentou no banco dos réus pelo assassinato de Roberto Geraldo Clariano no dia 1º de fevereiro de 2022. Roberto foi assassinado em 2018, quando o pedreiro o contratou para um serviço no terreno na Avenida José Roberto Barbosa, no Recanto dos Pássaros. O serial killer foi condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato.

Os dois teriam discutido e, com uma pancada na cabeça usando o cabo de uma picareta, Roberto foi assassinado. Apesar de ter afirmado que Roberto é a vítima, a confirmação da identificação da vítima será feita após os exames periciais.

Na época do desaparecimento, a namorada registrou um boletim de ocorrência. Ele disse que faria um frete. O Gol de ‘Cenoura’  foi localizado na frente da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida. O vizinho conta que o homem trabalhava como vendedor e com serviços gerais e costumava deixar as chaves da casa com ele para visitar os irmãos em Goiás.