Hércules José Andrade, acusado de matar com uma facada no pescoço a companheira Claudineia Brito da Silva no dia 13 de janeiro deste ano, alegou durante julgamento no Tribunal do Júri nesta quarta-feira (29) que não tinha a intenção de ferir, nem matar a namorada. 

A briga teria ocorrido após a vítima dar um tapa no autor, porém aos jurados ele tentou explicar a situação. Disse que estavam juntos entre idas e vindas há mais de um ano. Eles tentaram morar juntos por três meses, como não deu certo, passaram a viver cada um na sua casa, que fica a uma quadra de distância, porém Claudineia costumava ficar na casa dele.

No dia do crime, segundo relato de Hércules, a mulher apareceu na casa dele já alterada. “Ela já tinha bebido. Queria falar das coisas dela, mas eu não queria ouvir, disse que não era problema meu. Ela ficou brava”, contou. 

Ele também passou a beber vodka. Em certo momento, teria questionado a companheira se ela estava com fome e, diante da resposta positiva, ele se levantou, pegou uma faca e uma carne na geladeira. “Eu sempre fazia as coisas para ela comer. Ela veio por trás e começou a me dar tapas nas costas, quando eu virei, estava com a faca na mão ainda e atingiu ela”, disse.

Ele alegou que não tinha intenção de feri-la. “Até por isso eu não fugi, fiquei lá, pedi para o meu primo ligar para a polícia e para os Bombeiros”, contou.

Ao ser questionado pelo juiz, Hércules não soube explicar como que a facada atingiu o pescoço da vítima.

Ele ainda falou que sente muito por ela ter morrido. “Sinceramente, eu estou aqui para pagar o erro. Se arrependimento matasse… Se eu pudesse voltar atrás nem aceitava ela dentro de casa”, afirmou.

A família da vítima esteve presente no plenário. “Era uma pessoa muito boa, e foi uma crueldade o que ele fez com ela”, disse Maria de Lourdes Brito aos prantos. A irmã falou que perdoou Hércules, mas que espera pela Justiça dos homens, já que a Justiça de Deus será feita. 

Claudineia não resistiu e morreu na Santa Casa de Campo Grande (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O feminicídio

Claudineia sofreu cortes no pescoço, na região da nuca e devido à gravidade foi atendida pela Ursa (Unidade de Resgate e Suporte Avançado), sendo encaminhada para o hospital.

Durante o registro policial da tentativa de feminicídio, a polícia descobriu que havia um mandado de prisão aberto para o homem.

Em 2010, ele já havia sido preso por violência doméstica em Campo Grande, o processo na justiça começou a correr em 2011, mas teve o prazo alterado duas vezes por conta de feriados e atualmente está suspenso.

De acordo com a família do homem, ele tinha histórico frequente de brigas com a companheira, mas nunca a ponto de um deles precisar de atendimento médico. Alcoólatras, os dois viviam juntos há pelo menos 4 anos.