Foi a júri popular nesta terça-feira (31) o policial militar ambiental Lúcio Roberto Queiroz da Silva, acusado do feminicídio da esposa Regianni Rodrigues Araújo, de 32 anos, e homicídio do corretor de imóveis Fernando Henrique Freitas, de 31 anos. Os crimes aconteceram 2019, em Paranaíba, a 407 quilômetros de Campo Grande.

O Conselho de Sentença decidiu pela condenação do réu, que conforme decisão do juiz Edmilson Ávila cumprirá 32 anos e 8 meses de reclusão, em regime fechado. No entanto, os jurados não configuraram a morte de Regianni como feminicídio.

Ainda consta na sentença a perda do cargo na PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), bem como poder familiar. Também foi imputado ao réu pagamento de R$ 30 mil de indenização para descendentes e ascendentes das vítimas.

Conforme o site RCN 67, familiares de Regianni disseram que nada trará a vítima de volta, mas o sentimento é de que Lúcio irá pagar pelos crimes que cometeu. Durante o julgamento, a rua em frente ao Fórum foi bloqueada e esquema de segurança foi montado.

Feminicídio

As investigações apontam que o policial cometeu o duplo homicídio após descobrir um suposto relacionamento entre as duas vítimas. Assim, consta na denúncia que por volta das 20 horas do dia 5 de outubro de 2019, Lúcio foi até uma residência onde estava o corretor de imóveis e o matou.

Após o assassinato, o réu foi até outra residência e matou a esposa. Ele e a mulher viveram juntos por 12 anos, enquanto o corretor de imóveis era casado também, tendo convivido com a esposa por cinco anos.

No dia dos crimes, o corretor e a mulher estavam na casa dos pais dela, em uma reunião familiar, enquanto o policial e a esposa participavam de outra confraternização.

Já no fim da tarde, depois de ingerir bebida alcoólica, o corretor deitou-se para descansar no sofá da sogra e, antes de dormir, desbloqueou o celular para sua mulher fazer uma ligação.

Enquanto usava o celular do marido, chegaram mensagens por um aplicativo de conversa, sendo estas encaminhadas pela mulher do policial.

A mulher do corretor respondeu como se fosse ele, imaginando que ambas as vítimas mantinham caso extraconjugal. A seguir, a mulher entrou em contato com o policial e enviou a ele os prints da conversa.

O policial questionou a esposa sobre a possível infidelidade, mas ela negou. Então, ele foi até a residência onde o corretor estava, desceu do carro armado de uma pistola .40, de propriedade da Polícia Militar.

Na frente da casa estavam a sogra do corretor, a mulher com sua filha menor no colo e uma amiga — ambas tentaram impedir sua entrada, ao perceber a intenção, mas não conseguiram impedir.

O policial encontrou o corretor deitado no sofá, de costas para a porta, e o acertou com um chute violento, exigindo que pegasse o celular, e repentinamente atirou na vítima que, mesmo atingido, tentou fugir. O réu perseguiu o corretor e atirou mais quatro vezes, matando-o.

De volta ao local onde estava com a esposa, o policial disse que matou o corretor e faria o mesmo com ela. Ele apontou a arma e atirou seis vezes, matando-a.

Antes de atirar, o policial obrigou o filho do casal a entrar em um dos quartos, entretanto o garoto não só ouviu tudo como, após o assassino deixar a local, viu a mãe morta no sofá da casa. Após os crimes, o réu deixou a arma usada nos assassinatos e fugiu com o carro dos pais.