MPMS pede laudo de celulares e audiência do Caso Sophia termina sem ouvir padrasto e mãe da menina
Audiência foi remarcada pela segunda vez; oito testemunhas foram ouvidas
Gabriel Neves, Danielle Errobidarte –
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A audiência do Caso Sophia Ocampos, ocorrida nesta sexta-feira (26) em Campo Grande, terminou sem os depoimentos dos dois réus – padrasto e mãe da menina. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso Sul) pediu pela perícia nos celulares dos dois e o juiz solicitou urgência na realização.
Oito testemunhas, sendo sete presenciais e um online, foram ouvidos nesta tarde. Entretanto, o laudo pericial não tem data para ficar pronto e o interrogatório dos réus só deve acontecer após ser marcada a perícia.
Audiência remarcada
A audiência desta sexta-feira (26) acontece após ter sido remarcada. Na última sexta (19), o juiz Carlos Alberto Garcette suspendeu a sessão após um bate-boca com os outros dois advogados da defesa do padrasto. Os advogados Willer Souza Alves e Pablo Gusmão, foram retirados durante audiência de instrução e julgamento.
A confusão ocorreu quando Willer discutiu com o juiz ao dar um copo d’água para uma testemunha durante o depoimento dela. A testemunha prestava depoimento e respondia às perguntas do juiz, quando começou a se emocionar e chorar no plenário. O advogado Willer, do padrasto de Sophia, teria passado em frente ao magistrado e entregue um copo d’água para a mulher.
O juiz teria dito ao advogado que era permitido que ele fizesse apenas a função de defesa durante a audiência, e explicou que o copo de vidro não era permitido para as testemunhas. O advogado teria falado que “poderia fazer a função que quisesse, de advogado ou copeiro”, quando foi advertido pelo juiz.
Então, o magistrado pediu para que os policiais militares que acompanhavam as audiências retirassem o advogado, que no primeiro momento se negou. O outro advogado, Pablo Gusmão, ainda teria tentado amenizar a situação, e também foi retirado do Plenário.
Acusado de pedofilia
O advogado foi preso no dia 29 de outubro na sua casa, em Campo Grande. Ele ainda lecionava como professor substituto desde 2018, em uma universidade de Campo Grande. Na residência, os policiais encontraram arquivos no notebook e celular do advogado com cenas de sexo com crianças e adolescentes. Foram encontrados mais de 100 gigabytes de material pornográfico no dia da operação.
Renato, que também é militar reformado, explicou, na época de sua prisão, que havia encontrado os materiais para uma pesquisa acadêmica de seu TCC em 2018, onde iria dissertar sobre crimes sexuais, mas acabou não apresentando o trabalho. Depois disso, ele afirmou que não mexeu mais no programa, deixando o dispositivo em seu computador.
Os filhos do advogado chegaram a ser ouvidos em depoimento especial, quando ele foi preso e não relataram nenhum tipo de toques, ou tipos de abusos.
Após a sua prisão, a defesa entrou com pedido de liminar para a revogação de sua prisão e o advogado foi solto, no dia 16 de março de 2021, com habeas corpus. Já no dia 31 de maio de 2021, ele foi denunciado por pedofilia pelo MPF (Ministério Público Federal).
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o advogado teria tido a sua inscrição no Estado cancelada após todo o processo em que foi preso por pedofilia. O cancelamento teria ocorrido em 2022.
O advogado, que está solto desde março de 2021, também tem outra inscrição na OAB/SC – utilizada para fazer a defesa do padrasto de Sophia. O Jornal Midiamax entrou em contato com a OAB de Santa Catarina, para questionar a situação profissional do advogado e se a seccional foi informada sobre a prisão do advogado em Mato Grosso do Sul por pedofilia, mas não obteve resposta até então.
O advogado Thiago Bunning, que defendeu Renato quando foi preso na operação de pedofilia, disse que desconhece a questão profissional de seu cliente após a sua liberdade em 2021. Sobre as duas inscrições na Ordem dos Advogados do Brasil, Thiago também disse não saber.
Caso Sophia
Sophia morreu aos 2 anos, na noite do dia 27 de janeiro. Ela foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime.
O casal ainda tentou alterar as provas da morte da menina para enganar a polícia. A prisão preventiva foi decretada no dia 28 de janeiro. Em sua decisão, o magistrado afirmou que: “A prisão preventiva se justifica, ainda, para preservar a prova processual, garantindo sua regular aquisição, conservação e veracidade, imune a qualquer ingerência nefasta do agente. Destaca-se que, conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 4 horas de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova.”
O juiz ainda citou que caso o casal fosse solto, haveria a possibilidade de tentativa de alteração de provas “para dificultar ou desfigurar demais provas”. O casal foi levado para unidades penitenciárias, sendo a mulher para o interior do Estado e o padrasto da menina para a Gameleira de Segurança Máxima.
A menina passou por vários atendimentos em unidades de saúde, entre eles febres, vômitos, queimaduras e tíbia quebrada. Em menos de 3 meses, a criança foi atendida diversas vezes sem que nenhum relatório fosse repassado sobre os atendimentos a menina.
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