Mapa da Violência: Três crianças e adolescentes são estupradas por dia em MS
Crianças e adolescentes correspondem a 82% das vítimas no Estado
Mirian Machado –
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Marcadas para o resto da vida, em Mato Grosso do Sul, três crianças e adolescentes são estupradas a cada dia. A média faz parte dos dados divulgados pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), que mostra que de janeiro até agora 82% das vítimas de estupros são crianças e adolescentes.
O número, se dividido pelos três primeiros meses do ano, lembrando que março ainda está no início, são 111 vítimas por mês, o que corresponderia a 3,7 por dia. Os números são ainda maiores e piores se comparado por faixa etária. Desde o início do ano, foram 404 pessoas vítimas de estupro, destas 333 são menores de idade.
Em todas as idades, 346 são mulheres, 51 homens e 7 não informado.
O que ainda preocupa é que, na maioria dos casos, o agressor é do próprio convívio que a vítima ou próximo da família. Em um desses casos, por exemplo, um adolescente de 13 anos, foi espancado pelo irmão, após descobrir que ele havia estuprado a filha, de 4 anos. O caso aconteceu em uma cidade de Mato Grosso do Sul na noite da última sexta-feira (10).
Ao chegar em casa, o homem encontrou a esposa abalada e a questionou o que havia acontecido. Ela então contou que a filha reclamava de dores nas partes íntimas e estava sangrando. O adolescente então teria confessado o abuso. O Conselho Tutelar foi acionado e todos foram encaminhados para a delegacia.
No dia 15 de fevereiro, a mãe de uma menina de 2 aninhos denunciou na DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) o marido após descobrir que o homem, que é padrasto da vítima, havia torturado e estuprado a criança.
O crime ocorreu entre os dias 10 e 11 de fevereiro quando a mãe da menina precisou trabalhar e não tinha com quem deixar a filha. Assim, o padrasto se ofereceu para cuidar da menina.
No primeiro dia depois de voltar do serviço, a mãe percebeu que a filha estava com um hematoma nas pernas, e ao questionar o companheiro ele teria respondido que a menina havia se machucado ao brincar com outras crianças.
Já no segundo dia ao voltar do trabalho, a mulher notou que a menina estava com hematomas no rosto e no abdômen. Antes, o padrasto da criança havia mandado uma foto pelo WhatsApp para a mulher das partes íntimas da criança dizendo que ela estava com assaduras. Mas ao chegar em casa, a mãe não constatou as assaduras.
A criança foi levada até um posto de saúde, onde foi constatado pelos médicos que atenderam a menina que ela estava com vários hematomas pelo corpo, assim como, havia sinais de abuso sexual, sendo ela orientada a procurar uma delegacia para o registro da ocorrência.
No dia 25 do mesmo mês um vizinho sequestrou, estuprou e matou uma menina de 6 anos em, Douradina. Ele tentou alegar que cometeu o crime sob efeito de drogas.
O corpo da criança foi encontrado em uma lavoura de soja às margens da rodovia. “Ele acabou pegando a criança, levando para outro local e praticando o crime de estupro. Ele amarrou a vítima depois e praticou o crime de homicídio, que preliminarmente seria através de estrangulamento com as próprias vestes”, explicou o delegado Mateus Rocha.
Em diversas situações, a delegada da DEPCA, Anne Karine Trevisan, alerta sobre a preocupação e o cuidado com as crianças. “As pessoas ainda precisam se conscientizar que existe o abuso sexual e sobre o que não pode ser feito. Que não é brincadeira, é coisa séria. As vítimas têm que contar a alguém, seja uma tia, amiga, prima, na escola. Não acreditem nas ameaças do autor, contem”, pediu a delegada em entrevista sobre o mesmo assunto durante balanço dos casos de 2022.
Ainda segundo a delegada, é preciso que os pais fiquem atentos, pois a vítima sempre muda o comportamento, fica mais agressiva, as notas na escola começam a cair, o comportamento fica mais sexualizado, ou começam a esconder mais o corpo. “Respeitem se a criança não quer ficar perto de alguém. Isso tem que ser respeitado e investigar o porquê. Às vezes, a criança não sabe o que está acontecendo. Ela não sabe a diferença. Para ela, está recebendo um carinho. Para que ela saiba que aquilo é um abuso, as pessoas têm que explicar para ela”, detalhou.
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