Foi inaugurada nesta quarta-feira (3), na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento) do Cepol, em Campo Grande, no Bairro Tiradentes, uma sala especial para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência. Antes, as crianças e adolescentes estavam sendo atendidos na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). A sala foi criada após a menina Sophia OCampo, de 2 anos, morrer no dia 27 de janeiro deste ano.

A sala especial montada para as crianças e adolescentes é toda decorada para que as vítimas se sintam mais acolhidas para poder denunciar os crimes cometidos contra elas. A sala começa a funcionar a partir da noite dessa quarta, às 19 horas. Os atendimentos no local serão feitos quando a DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) estiver fechada. 

Durante a inauguração da sala especial, foi lançada pela Polícia Civil uma cartilha que tem como personagem uma raposa que fala às crianças e aos adolescentes sobre o que seria um toque malicioso, agressão e incentiva as vítimas a denunciarem, explicou o delegado-geral, Roberto Gurgel. 

A cartilha poderá ser acessada por meio de um QR Code, e será divulgada em escolas do Estado. 

Cartilha poderá ser acessada por QR Code (Henrique Arakaki, Midiamax)

Atendimentos de crianças e adolescentes

Na Deam, do começo de março até a data do dia 2 de maio deste ano, foram atendidas 152 crianças e adolescentes vítimas de crimes. Gurgel ainda explicou que como pela legislação não é obrigatório o psicólogo para realizar o depoimento especial, cerca de 75 servidores serão capacitados neste primeiro momento para fazer o serviço.

Ainda segundo o delegado-geral, mais servidores serão capacitados futuramente, cerca de 400 para atender todo o Estado. Já em relação a exames de corpo de delito feitos nas crianças e adolescentes, um médico legista ficará de prontidão no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), e quando necessário irá até o Cepol para fazer os exames. 

Sala de depoimento especial (Henrique Arakaki, Midiamax)

Sala criada após caso Sophia

A medida foi implementada após o caso Sophia. Como já adiantado pelo Jornal Midiamax, o secretário Antônio Carlos Videira, da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), afirmou que a medida passou a ser estudada ainda em março.

Sophia morreu aos 2 anos, na noite do dia 27 de janeiro. Ela foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime. 

O casal ainda tentou alterar as provas da morte da menina para enganar a polícia. A prisão preventiva foi decretada no dia 28 de janeiro. Em sua decisão, o magistrado afirmou que: “A prisão preventiva se justifica, ainda, para preservar a prova processual, garantindo sua regular aquisição, conservação e veracidade, imune a qualquer ingerência nefasta do agente. Destaca-se que, conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 4 horas de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova.”

A menina passou por vários atendimentos em unidades de saúde, entre eles febres, vômitos, queimaduras e tíbia quebrada. Em menos de 3 meses, a criança foi atendida diversas vezes sem que nenhum relatório fosse repassado sobre os atendimentos a menina.