A família da menina de 2 anos morta com sinais de estupro, em Campo Grande, recebeu a visita do Conselho Tutelar apenas uma vez, em maio de 2022, depois da denúncia feita pelo pai da criança em janeiro do mesmo ano. A da criança e o padrasto estão presos pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe e estupro. 

Segundo informações apuradas pelo Jornal Midiamax com o Conselho Tutelar da região norte da cidade, foi recebida a denúncia de maus-tratos em janeiro de 2022, após isso, em maio do ano passado foi feita uma visita em que o Conselho afirma que não foram detectados sinais de agressão contra a criança que aparentava estar bem alimentada. 

Já quando os conselheiros tentaram novamente fazer outra visita de acompanhamento, a família havia se mudado e os fiscais perderam o contato. Desde então, nenhuma outra visita ou verificação do caso foi atualizada. 

Em maio, vizinhos haviam denunciado a mãe da criança por maus-tratos contra um cachorro, que acabou morrendo. Em seguida a esta denúncia, a família se mudou. 

Choros constantes

Choros constantes eram ouvidos da casa onde a pequena de 2 anos vivia com a mãe, padrasto e irmão, em um bairro da região norte de Campo Grande. Uma vizinha que não quis se identificar contou ao Jornal Midiamax que na semana anterior encontrou com a menina e sua mãe em um supermercado e tudo aparentava estar bem. 

Ela, inclusive, disse à reportagem nesta manhã que não sabia que a menina havia morrido e contou que ouvia o choro da criança que vinha da residência.

Outro vizinho que conversou com a reportagem contou que sempre ouvia o choro da criança, mas disse que “criança chora mesmo”. E nisto nada foi feito e a menina morreu. A mulher passou a morar com a mãe, avó da criança, após ser despejada, segundo os vizinhos. 

Família denunciou agressões há 1 ano

A família da criança já havia denunciado o padrasto e a mãe da menina pelo crime de maus-tratos há 1 ano. Tanto a mãe como o padrasto da criança estão presos.

O primeiro registro feito por maus-tratos foi no dia 31 de dezembro de 2021, pelo pai da menina, na (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente). Nele, o pai narra que foi casado com a mãe da criança por 3 anos, e que após a separação tinha direito a visitas livres, e toda vez que ia buscar a filha, a criança estava com hematomas.

Quando questionava a ex-mulher sobre os machucados da filha, a mulher relatava que a criança havia caído ao brincar com um gato. Toda vez que a menina ia para sua casa estava machucada e ele passou a questionar a mãe da criança insistentemente.

Os hematomas pararam de aparecer por um tempo. O pai da criança ainda disse que conversou com sua ex-sogra, que relatou que a filha estava maltratando a neta constantemente e que a menina era mal alimentada e vivia em condições insalubres.

O outro registro do boletim de ocorrência foi no dia 21 de novembro de 2022, quando a criança apareceu com a perna quebrada e com hematomas nas costas. A mãe da criança disse ao que a filha havia caído no banheiro.

A criança chegou a ser levada para a ser ouvida por psicólogos na DEPCA, mas como tinha pouca idade não foi possível realizar escuta especializada. Na época, foi pedido exame de corpo de delito.