Cirurgia: Defesa pede prisão domiciliar para advogado ligado ao PCC e preso pelo Gaeco
O advogado acessou dados sigilosos em pesquisa pelo nome de um delegado
Thatiana Melo –
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A defesa do advogado Bruno Ghizzi, preso durante a deflagração da Operação Courrier, feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em março de 2022, pediu pela prisão domiciliar de Ghizzi para uma cirurgia.
O pedido da defesa feito no dia 7 deste mês argumenta que, “necessita se submeter a cirurgia de hérnia umbilical e hérnia inguinal, que exige rigoroso acompanhamento pós-operatório e rigorosa observância de repouso, razão pela qual requer autorização para tratamento de saúde em regime domiciliar.”
“Os problemas de saúde enfrentados pelo requerente e o risco à sua saúde caso ele não sofra uma intervenção cirúrgica não estão demonstrados em documento oficial.’, diz a defesa. Mas, o MPMS (Ministério Público Estadual), se opôs a prisão domiciliar.
Em setembro, a defesa de Ghizzi tentou a liberdade do advogado. O pedido negado foi publicado em Diário da Justiça do dia 12, quando o magistrado relatou que como o requerente é advogado, não havendo notícia de cancelamento ou ao menos de suspensão de sua licença, é feito o pedido de relatório de sua situação dentro do estabelecimento penal.
Courrier e filho de defensor
Peça-chave das investigações da Força-Tarefa da Polícia Civil e do Gaeco sobre a Sintonia dos Gravatas do PCC, Bruno Ghizzi tinha fontes para conseguir dados sigilosos. O advogado é filho do defensor público afastado de suas funções e depois preso, na última fase da operação.
Com servidores da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e até funcionária de empresa de telefonia, ele obtinha informações privilegiadas que beneficiavam as ações em que atuava. Assessor jurídico na Defensoria em MS, citado em relatório do Gaeco, opinava a respeito de valores cobrados pelo escritório do advogado, para prestação de serviços, e inclusive elaborava documentos e procurações.
Ele também fazia consultas a cadastros públicos, como o CADSUS, sistema interno do local onde trabalha. O servidor não era concursado e, segundo a Defensoria Pública de MS informou à reportagem, foi desligado logo após a Operação Courrier. A exoneração foi publicada oficialmente no dia 30 de março.
Conforme o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Bruno também conseguia informações sigilosas de empresas de telefonia celular através de uma funcionária do setor administrativo, que conforme consultado em página pessoal, atua há mais de 10 anos no mesmo local.
Através dela, o filho do defensor público de MS conseguia números de telefone e cadastros de pessoas físicas. Outro servidor da Defensoria Pública de MS apontado no relatório do Gaeco fazia consultas ao banco de dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para o investigado.
É esclarecido que o advogado, com “auxílio de terceiros, sistematicamente violaria o sigilo de dados de pessoas diversas, no Estado de Mato Grosso do Sul, para atender interesses pessoais”.
O Midiamax também já noticiou que um policial penal auxiliava Bruno Ghizzi. Em uma das ações, o servidor público teria agido a favor do advogado e do cliente, que estava preso.
O policial penal teria articulado, em exame criminológico — de progressão de regime — a obtenção de um parecer favorável para livramento condicional do preso. Assim que conseguiu sair, o preso foi jantar e tomar um chopp com o policial penal e o advogado.
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