Caso Sophia: sala para atender crianças e adolescentes deve funcionar 24 horas na Casa da Mulher

Após a morte da menina de 2 anos, Sophia OCampo, no dia 27 de janeiro deste ano depois de ser estuprada e torturada pelo padrasto e a mãe, uma reunião na manhã desta quarta-feira (15), na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, deve definir atendimento 24 horas para vítimas crianças e adolescentes.
A reunião acontece às portas fechadas com o secretário da Sejusp-MS (Segurança de Estado de Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira, com delegadas da Deam, deputada Carla Stephanni, além do delegado-geral Roberto Gurgel.
Antes de entrar para a reunião, Videira disse ao Jornal Midiamax que com urgência será usada uma sala da Casa da Mulher Brasileira para atendimento 24 horas de crianças e adolescentes, vítimas de violência. Ainda segundo ele, no local, meninos também passarão a ser atendidos, já que em casos de violência, os meninos eram atendidos nas Depacs e as meninas na Deam.
Videira ainda afirmou que em março deve começar a operar na Casa da Mulher Brasileira, o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para facilitar os exames de mulheres vítimas de violência doméstica, como também de crianças e adolescentes.
Ainda segundo o secretário, já está sendo estudada a construção de um prédio em frente à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), com a compra de um terreno para que funcione no local a Casa da Criança. Os recursos seriam cooptados com o Governo Federal. Mas ainda sem data.
Caso Sophia
Sophia morreu aos 2 anos, na noite do dia 27 de janeiro. Ela foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime.
O casal ainda tentou alterar as provas da morte da menina para enganar a polícia. A prisão preventiva foi decretada no dia 28 de janeiro. Em sua decisão, o magistrado afirmou que: “A prisão preventiva se justifica, ainda, para preservar a prova processual, garantindo sua regular aquisição, conservação e veracidade, imune a qualquer ingerência nefasta do agente. Destaca-se que, conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 4 horas de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova.”
O juiz ainda citou que caso o casal fosse solto, haveria a possibilidade de tentativa de alteração de provas “para dificultar ou desfigurar demais provas”. O casal foi levado para unidades penitenciárias, sendo a mulher para o interior do Estado e o padrasto da menina para a Gameleira de Segurança Máxima.
A menina passou por vários atendimentos em unidades de saúde, entre eles febres, vômitos, queimaduras e tíbia quebrada. Em menos de 3 meses, a criança foi atendida diversas vezes sem que nenhum relatório fosse repassado sobre os atendimentos a menina.
Relato das médicas
Segundo o relato das médicas, quando a criança chegou à unidade de saúde, ela já estava morta há pelo menos 4 horas, com sinais de rigidez, hematomas por todo o corpo e sangramento pela boca. Ainda segundo as médicas, a mãe estava estranhamente tranquila e só ficou nervosa quando foi informada que a polícia seria acionada para o local.
Em exames feitos pelas médicas na unidade de saúde, elas constataram sinais de estupro na criança. Com a chegada dos policiais, a mãe da menina negou que tivesse levado a filha até a UPA já morta, mas disse que ela e o atual marido aplicavam ‘corretivo’ na criança.
A mulher contou que a filha ficava com o padrasto enquanto ela trabalhava durante o dia, e que o marido batia na criança com socos e tapas para corrigir a menina. O padrasto da menina foi encontrado em casa pelos policiais e negou que tenha agredido a enteada naquele dia, dizendo que bateu na criança há três dias.