‘Boom’ do momento, furtos de cobre deixam moradores sem luz e água em Campo Grande
Material ‘valioso’ é facilmente encontrado e se tornou alvo dos criminosos
Mirian Machado –
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Um dos primeiros metais descobertos, o cobre é mais encontrado em materiais elétricos como fiação, por isso tem em abundância na cidade. Segundo o Tenente Coronel Carlos Augusto Regalo da Polícia Militar, nos ferros velhos, o cobre é o material “mais caro” e as duas coisas aliadas tem facilitado o furto do produto.
Na maioria das vezes, é furtado por usuários de drogas que queimam para retirar o plástico da fiação, por exemplo, e vende o fio de cobre para manter o vício. Mas a situação tem ido longe demais. Todo dia há ocorrências registradas na Polícia Civil de casas abandonadas, ou para vender/alugar, comércios que indivíduos invadem e levam toda a fiação, até mesmo os semáforos do trânsito não ficaram para trás.
Ainda segundo Coronel Augusto, é um produto quase impossível de rastrear a origem, justamente porque retiram a parte plástica. “O cobre é muito denso, então um pequeno pedaço já dá dinheiro, além disso, cobre tem em fartura, em todo lugar”, explicou.
E quando falamos em todo lugar é todo mesmo. Nos hidrômetros, equipamento usado para registrar o volume de água consumido, também tem na composição o cobre e por isso vira alvo. A Águas Guariroba, por exemplo, informou que, em 2022, foram realizadas cerca de 1057 trocas de hidrômetros por furto em Campo Grande, com maior solicitação em abril, com 172 casos.
Percebeu furto ao tomar banho
É o caso da comerciante Renata Rosa Figueiredo, 31 anos, foi alvo dos criminosos. No último dia 13, a mulher acordou e, ao tentar tomar banho para ir trabalhar, percebeu que estava sem água. “Até achei que era alguma manutenção na rede. Liguei na concessionária e relatei, mas a atendente disse que estava tudo normal. Pedi para a babá ir lá na frente olhar e ela disse que não tinha relógio nenhum lá. O cano estava cortado”, relatou.
Após ligar novamente na concessionária, foi informada a fazer o boletim de ocorrência para pagar multa. A situação tem sido recorrente, já que a comerciante afirmou ainda que outros vizinhos que moram na mesma rua também foram vítimas desses ladrões. Uma das vítimas, inclusive, foi até um ferro velho e comprou um hidrômetro para não ficar sem água. “Passei transtorno. Com duas crianças em casa. Tive que ficar pegando água de balde na vizinha”, lamenta Renata. Segundo ela chegou a ficar 5 dias dessa maneira até que houvesse religamento.
Se não bastasse o prejuízo e transtorno com a água, quase que o problema fica ainda pior. “Eles estão roubando hidrômetros novos, velhos, até os que estão na caixinha. roubaram até a tampa do meu relógio de luz. Provavelmente iriam roubar os fios, mas não deu tempo. Está bem complicado”, contou.
Até mesmo o Hospital da Criança, no Centro de Campo Grande teve o hidrômetro furtado. Boletim de ocorrência foi registrado no último dia 23.
Uma mulher, de 36 anos, que não quis se identificar, administra salas comerciais e teve prejuízo de R$ 14 mil com fiação elétrica de cinco salas que estavam para alugar na região da Avenida Tamandaré. No dia 12 deste mês, bandidos invadiram as salas e levaram os fios recém-reintalados, já que o local foi pela 4ª vez.
No inicio do mês, um homem foi flagrado e filmado furtando fios do Terminal Morenão, despreocupado, em plena luz do dia e no meio de várias pessoas.
Combate ao crime
Na quinta-feira (26) a Polícia Civil deflagrou uma operação contra o furto dos fios de cobre. Ao menos 54 locais foram fiscalizados, seis pessoas foram presas e 600 kg do material apreendido. O delegado Wellington de Oliveira, diretor do Departamento de Polícia da Capital, informou que a operação “Vastum II” teve como objetivo reprimir e combater o furto e receptação do fio de cobre. “São furtados do Estado, Prefeitura, concessionárias de serviço público, canteiros de obras, iluminação, residências em geral. O crime prejudica a população em geral causando caos urbano, além de prejuízo materiais e financeiros” informou.
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) também realiza operações “Ferro Velho” de combate a crimes e receptações de diversos materiais. Participam da operação, servidores também da Polícia Civil, Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Vigilância Sanitária e Sisep (Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos).
Em 2022 foram 36 estabelecimentos fiscalizados, 35 notificações e 4 prisões.
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