Nem todo cogumelo é considerado droga e algumas espécies, inclusive, são usadas livremente para alimentação e tratamentos. No entanto, componente presente em alguns gêneros configuram como substância psicoativa.

Em 8 de fevereiro, dois rapazes de 19 e 29 anos foram presos em flagrante com a produção de cogumelo em Campo Grande. O mais velho já era investigado por semear, produzir e colher o material.

Ele chegou a ser preso anteriormente, mas por falta de laudo pericial dos cogumelos, acabou solto. Só depois foi produzido o laudo, constatando a presença da substância psicotrópica psilocina.

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Conforme os delegados da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), Hoffman D’Ávilla e Bruno Santacatharina, a substância é catalogada na Portaria nº 344 de 12 de maio de 1998, da Anvisa, como substância entorpecente.

Por isso, com a presença do psicoativo, o cogumelo passa a ser considerado uma droga. “Isso definiu como substância entorpecente e, por isso, foi autuado no tráfico de drogas”, explica Hoffman sobre a prisão do suspeito.

“A perícia foi o divisor de águas para nós em relação à configuração no delito de tráfico de drogas”, esclarece. Sendo assim, para que seja configurado crime, deve haver perícia nos produtos.

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Na internet, páginas comercializam cogumelos livremente, como chamados ‘cogumelos mágicos’. Há até alertas de que esses produtos não seriam drogas, mas isso só pode ser definido a partir de uma perícia.

Em Campo Grande, o produtor também atuava pela internet. Segundo os delegados da Denar, ele mantinha um grupo no WhatsApp, por onde negociava as vendas. Então, encaminhava os cogumelos pelos Correios para todo o Brasil.

“Se ele voltar a produzir, deve ser preso novamente”, explicam os delegados. Apesar da prisão em flagrante, o suspeito acabou solto na audiência de custódia. Isso seria pelo histórico do autor, por ser réu primário.

Correios pontuam que produtos são fiscalizados

Após a prisão, os Correios informaram que trabalham em parceria com os órgãos de segurança pública. Isso, para fiscalizar e prevenir o tráfego e envio de itens proibidos por meio do serviço postal.

Então, quando constatada a presença de conteúdo suspeito, o objeto é encaminhado à autoridade competente para avaliação especializada.

“Os empregados atuam de forma diligente visando identificar postagens em desacordo com a legislação. Muitas das operações policiais começam por apreensões realizadas pela fiscalização dos Correios. A empresa tem priorizado investimentos em ações preventivas para fortalecer a integridade dos serviços postais”, informou o órgão.

Presos por produção e venda de cogumelos

Os dois homens foram presos no dia 8 de fevereiro, com grande quantidade de cogumelos. Eles foram detidos na região do Tiradentes, mesmo bairro onde fica localizada a Denar.

Assim, com denúncias feitas por testemunhas, os policiais chegaram até o laboratório do acusado. No local, foram apreendidos dois quilos de cogumelo, de diversas formas, até mesmo em cápsulas.

Apesar do flagrante, o suspeito alegou que o cogumelo é produzido e vendido para seitas. Já o jovem de 19 anos era ajudante do suspeito e também foi preso.

Ainda segundo os delegados, o responsável pelo cultivo, além de produzir, também ministrava e vendia curso sobre a produção de cogumelos. Ele já tinha ao menos 400 ‘alunos’.

Essa droga era vendida por encomenda, custando R$ 100 uma pequena porção. Também foram apreendidos computadores e celulares na residência.