VÍDEO: militar do Exército foi carregado por colegas após sair do alojamento desorientado

Ele foi socorrido e acabou morrendo na unidade de saúde

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Militar foi socorrido por colegas
Militar foi socorrido por colegas

O registro policial sobre a morte de Edilsio Morais da Silva Filho, de 18 anos, relata que ele passou mal após as atividades físicas de teste de aptidão no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, do Exército Brasileiro, em Aquidauana, a 176 quilômetros de Campo Grande. O fato aconteceu no dia 16 de fevereiro.

Conforme dados do boletim de ocorrência registrado a partir de depoimento de um militar do Exército, os candidatos do curso de formação para o quadro de oficiais temporários se apresentaram no dia 14. Naquele dia 16, o treinamento teria iniciado às 6 horas e, após o café da manhã, aconteceu o treino físico com término às 8h21, num total de 41 minutos de treino.

Em seguida, a turma foi liberada para banho e troca de roupa para instrução teórica em sala. Foi neste momento que o militar foi informado de que Edilsio deixava o alojamento em direção à guarda do Batalhão, vestindo apenas cueca. “Apresentava-se eufórico e ao mesmo tempo certo estado de confusão”, consta no registro.

O militar foi abordado por um sargento, que conseguiu auxílio para que ele fosse encaminhado até o ambulatório. De lá, foi transferido ao hospital municipal, onde deu entrada às 10 horas. Ele acabou falecendo às 21 horas.

Confira o momento em que o militar foi socorrido:

Exaustão e punições

Edilsio falava com a mãe por WhatsApp e também por ligações, para contar como tinha sido o dia e manter contato. Logo de início, ela ressaltava a preocupação. Por conta do longo tempo do treinamento, ele dizia que só conseguiria falar com ela a partir das 22h.

“Oi, mamãe. Acabei de tomar banho e lavar a roupa. Hoje foi ‘doido’, teve um momento em que me deram 30 segundos para ir no alongamento (corretor do celular da vítima alterou a palavra que seria alojamento) e voltar para formação. Atrasei um segundo e me mandaram fazer uma redação de 50 linhas”, disse o rapaz em mensagem.

Às 2h20 da madrugada de terça-feira (15) ele diz que precisa dormir para acordar às 3h30 e fazer a faxina no batalhão. “Volto 10 horas novamente. Beijos, te amo”. A mãe se preocupou com o descanso dele e questionou: “Você pode dormir agora?”. Mas ele responde: “Não, tenho que fazer outra redação agora de 50 linhas. Uma das meias que a senhora bordou estava rasgada, eles viram e tomei punição”. Ela em seguida ordena: “Faz logo e vai dormir”.

Em um vídeo que ele enviou, é possível ver outros alunos, que também foram punidos com redações, escrevendo em um caderno com a luz de lanternas. “Me ajuda a fazer a redação”, pediu Edilsio. Segundo o tio, Jean Ricardo Brites de Assunção, o sobrinho fazia as atividades exaustivas dentro do pelotão. O rapaz teria sido punido por atrasar cerca de 10 minutos para início do exame no primeiro dia de treinamento.

“Com essa punição, no fim do treinamento do dia, ele teve que fazer uma redação, em vez de descansar. Ele falou com a mãe dele 1h da madrugada e contou como foi o dia. Ele disse: ‘mãe, vou dormir porque preciso levar 3h para fazer faxina’. Ele falava com ela porque pediu ajuda de alguma ideia na redação”.

Ele também relata que a vítima ressaltou sobre os exercícios exaustivos na semana. “Ele falava que treinavam debaixo do sol e no calor. Ou seja, se desde segunda-feira ele estava sem descansar e no outro ‘ralava’ (expressão para trabalho árduo), ele não descansou nada, o corpo não aguentou”, desabafa.

Conforme o laudo médico, o rapaz sofreu uma arritmia cardíaca causada por desidratação. Em nota, a comunicação do Comando Militar do Oeste informou que o aluno realizava, junto com outros 19 alunos e a equipe de instrução, um treinamento físico militar já previsto no quadro de trabalho.

Ao final da corrida, o aluno do NPOR começou a passar mal e foi prontamente levado ao Hospital Regional da cidade de Aquidauana, onde veio a falecer. Ainda de acordo com a assessoria, as circunstâncias serão apuradas em Inquérito Policial Militar que já foi instaurado. O caso foi registrado como morte a esclarecer na delegacia da Polícia Civil do município.