Tenente-coronel denunciado por homofobia contra capitão da PMMS é absolvido

Vítima agora major já teria sofrido outros atos de injúria

Renata Portela – 05/08/2022 – 13:58

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Caso chegou a ser relatado na Corregedoria – Foto: Henrique Arakaki/Arquivo Midiamax

Na quinta-feira (4), tenente-coronel da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) que respondia a processo por homofobia contra um colega, hoje major, foi absolvido por falta de provas. O fato teria acontecido em Campo Grande, em fevereiro de 2020, e na época o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) chegou a apontar possível caso de prevaricação.

Na denúncia é esclarecido que o tenente-coronel e o então capitão participavam de uma reunião na Academia da PMMS, junto com outros oficiais. Eles conversavam sobre o corte de cabelo que seria adotado pelos cadetes, quando o autor fez o comentário homofóbico, em tom irônico.

Ainda de acordo com o MPMS, o suspeito teria dito que a vítima usava aquele cabelo por ser propício para determinada prática sexual, fazendo ainda gestos. Após os fatos, o militar vítima procurou o comandante da Academia e solicitou uma conversa com o autor sobre a atitude, mas nenhuma providência teria sido tomada.

A denúncia foi apresentada em 9 de dezembro de 2021, por injúria. Na peça, a acusação esclarece ainda o fato de que o policial militar já sofreu homofobia na corporação, por parte de outros oficiais. É ressaltado que houve uma tentativa das partes envolvidas na apuração dos possíveis crimes militares de ‘abafar’ o ocorrido.

Isso, para que os fatos não chegassem ao Poder Judiciário ou ao conhecimento do MPMS. Portanto, também foi citado o crime de prevaricação, que deveria ser investigado. Na audiência desta quinta-feira, o Conselho Especial de Justiça absolveu o militar, por unanimidade, alegando não existir prova suficiente para a condenação.

Capitão chegou a ser preso

Em julho de 2021, o então capitão e hoje major da PMMS, chegou a ser preso ao denunciar o caos de homofobia dentro da instituição. A prisão ocorreu durante uma reunião em que mais dois militares foram convidados a participar, sendo que a vítima havia afirmado que não falaria de nada que fosse além do trabalho.

A princípio, a prisão teria ocorrido pelo fato de o militar desobedecer ordem de superior, sendo detido em flagrante por insubordinação. No entanto, na época a defesa alegou que o oficial não deu as costas ao superior, sem ter sequer levantado da cadeira quando recebeu voz de prisão.

O militar havia feito uma denúncia contra seu superior pelo crime de homofobia, e mesmo com o caso em segredo, havia boatos na seção onde o militar trabalhava sobre a denúncia, o que teria provocado a reunião com o coronel.

Em uma das situações em que já havia denunciado outros dois militares à Corregedoria, o oficial teria ouvido que “tinha Aids” por ser homossexual e, na segunda situação, teria sido alvo de “brincadeiras” em razão de seu corte de cabelo, de forma preconceituosa, conforme denunciou.

Conteúdos relacionados