Capitão da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), preso nesta quinta-feira (8) após supostamente “virar as costas” para um coronel durante reunião, já havia feito outras duas denúncias por ser vítima de homofobia comtida por outros integrantes da corporação. Em uma das situações, o capitão teria ouvido que “tinha Aids” por ser homossexual e, na segunda situação, teria sido alvo de “brincadeiras” em razão de seu corte de cabelo, de forma preconceituosa, conforme denunciou. 

Segundo o advogado de defesa do capitão, Anderson Yukio, as duas denúncias foram feitas apenas na Corregedoria da PMMS. As datas das denúncias não foram informadas pela defesa. Contudo, a ofensa feita pelo coronel que o prendeu teria sido a ‘gota d’água’ para levar a denúncia ao MPM (Ministério Público Militar). “As ofensas não eram frequentes, mas essa com certeza não foi a primeira vez”, afirma o advogado.

Ainda segundo o advogado, após as primeiras ofensas, o capitão teria ficado “mais introspectivo” e evitava conversar com seus colegas de corporação. “Como ele já tinha sofrido com isso, estava menos tolerante a esses tipos de brincadeiras”. A defesa relatou que não foi aberto nenhum procesos administrativo contra o capitão após o suposto descumprimento da ordem.

A prisão ocorreu durante uma reunião em que mais dois militares foram convidados a participar, sendo que o capitão havia afirmado que não falaria de nada que fosse além do trabalho. O advogado do capitão, Anderson Yukio, disse ao Jornal Midiamax que o seu cliente não deu as costas para o superior quando recebeu a voz de prisão por insubordinação.

“Ele nem chegou a levantar da cadeira quando o coronel mandou prendê-lo”, disse o advogado. O capitão havia feito uma denúncia junto ao MPM contra seu superior pelo crime de homofobia, e, segundo o advogado, mesmo com o caso em segredo, havia boatos na seção onde o militar trabalhava sobre a denúncia, o que teria provocado a reunião com o coronel.

‘Vida pessoal’

Em seu relato, o capitão disse que se sentia extremamente constrangido por relatar a sua vida pessoal e que jamais pretendeu enfrentar um processo tão grande de exposição, já que, durante a reunião, o superior queria falar sobre assuntos relativos à vida pessoal dele. Já em seu relato, o coronel alvo da denúncia disse acreditar que o capitão era heterossexual, já que tinha conhecimento que ele havia sido casado com uma mulher, e nunca havia ouvido no ambiente de trabalho alguém comentar sobre a sua orientação sexual.

Um áudio, que havia circulado em WhatsApp, pejorativo contra homossexuais no grupo da Polícia Militar teria sido o gatilho para que o capitão fizesse a denúncia junto ao MPM.

Em contato com a assessoria de comunicação da PM, foi informado ao Jornal Midiamax que será feito um pedido para se ter acesso a essa denúncia feita pelo capitão junto ao MPM e que o caso será investigado. De acordo com a assessoria, não havia conhecimento de que uma denúncia pelo crime de homofobia havia sido feita.