Sintonia dos Gravatas: Investigação revela preços das propinas cobradas por policiais penais
Um dos agentes citados por um detento não teve a prisão decretada
Thatiana Melo, Renata Portela –
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Denunciado na última sexta-feira (8), policial penal alvo da Operação Courrier, que revelou o núcleo Sintonia dos Gravatas do PCC (Primeiro Comando da Capital), tenta revogar a prisão preventiva. A investigação sobre o agente revelou o esquema de propinas no Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul.
Em trecho de conversa flagrada entre um preso e o advogado considerado peça-chave das investigações e da operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o detento revela os preços dos policiais penais. Os valores seriam cobrados para cada tipo de favorecimento aos presos.
O interno, que mesmo do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) utilizava um celular, acabou revelando ao advogado os valores cobrados pelos agentes, chamados pelo Gaeco de ‘tabela de propinas’. No parecer, é citado que os benefícios eram concedidos aos presos com alto poder aquisitivo, isso porque os valores não são baixos.
Mais do que um salário mínimo
R$ 1,5 mil para trocar de pavilhão e R$ 6 mil para fraudar a ficha do detento. Esses são os preços cobrados pelos policiais penais pelos ‘serviços’ ilegais, de acordo com o interno do presídio. Ele pedia ao advogado para mudar de cela e chegou a apontar qual policial penal recebia a propina.
Um dos agentes citados em vários trechos da investigação não teve a prisão preventiva decretada. Já outro está preso desde o dia da operação. “Cobrou 5k para levar um cara pro Penal”, disse o interno em uma mensagem, esclarecendo que a propina foi paga pelo detento, para garantir a transferência.
Propinas garantiram status ao advogado
Ainda no parecer do Gaeco, que foi a favor do indeferimento do pedido de revogação da prisão preventiva do agente penal, é pontuado que o advogado em questão era conhecido pela facilidade de conseguir transferências rápidas, “sem ser pelo sistema adequado”, disse uma advogada também investigada.
Para a acusação, o policial penal – que atualmente atuava na Máxima – vendeu suas funções para o advogado, em troca de propina. É dito também que há suspeita de que o advogado se valia de outros agentes, com cargos de chefia na estrutura do Sistema Prisional.
Advogado apontado na denúncia como atuante na defesa do líder do PCC, chegou a dizer no interrogatório que se aproximou do advogado de Campo Grande pela facilidade de ‘impulsionar’ demandas e pretensões administrativas. Ainda para o Gaeco, a forma como o policial penal agia, por mais que não fosse um membro nomeado do PCC, acabava favorecendo a facção criminosa.
“Agiu com desprezo ao cargo e às diretrizes. Por isso, embora via de regra não se manchem com sangue das vítimas, os servidores públicos corruptos que colaboram com organizações criminosas estão diretamente ligados às conhecidas ações criminosas por elas promovidas, a exemplo de homicídios, latrocínios, sequestros, torturas etc., razão pela qual, ao servirem essa frente do crime organizado, fazem-se marcar com a mesma periculosidade ínsita aos demais integrantes virtualmente mais violentos”, diz a peça.
O Jornal Midiamax entrou em contato com a Agepen, que se manifestou “A Agepen, por meio de sua Corregedoria-Geral, oficiou o GAECO no dia 29 de março, solicitando informações a respeito da operação e aguarda os encaminhamentos”.
*Matéria editada para acréscimo de posicionamento
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