O piloto Manoel Júnior Victorette do Vale de Almeida foi transferido para o presídio de Corumbá, a 444 quilômetros de Campo Grande, após ser preso nessa quinta-feira (24), durante a deflagração da operação Fiat Lux, feita pela Polícia Federal e pela PRF (Polícia Rodoviária Federal). 

A transferência foi assinada pelo juiz da 10ª Vara Federal, Vallisney de Souza Oliveira. Victorette é piloto de automobilismo pelo GT4 Light (Gran Turismo). Em Campo Grande, foram apreendidas uma camionete L200 Triton 2017/2018 avaliada em R$ 179 mil, que seria do piloto. A camionete seria de Itaquaquecetuba, em São Paulo.

Também foram apreendidas uma BMW 32I 2020, avaliada em R$ 218 mil com placas de Mogi das Cruzes, em São Paulo, e uma Land Rover 2022, avaliada em R$ 539 mil, com placas de Campo Grande. Os carros foram apreendidos no condomínio de luxo Dhama III. Duas viaturas da PF e uma da PRF estavam no condomínio. Foram cumpridos, ao todo, 88 mandados de busca e apreensão e de prisão. 

Descoberta do esquema

Após os vários indícios de que fraudes estavam sendo cometidas, a PRF acionou a Polícia Federal e, em 2020, teve início a investigação que descobriu que veículos operacionais do Exército, que não são emplacados, permitiam que a quadrilha fizesse a fraude ‘esquentando’ carros roubados ou furtados e também com a criação de veículos de ‘papel’. 

Servidores do Detran de alguns estados faziam a inserção da alteração no sistema, com a brecha dos veículos operacionais do Exército. Em alguns casos, ciclomotores viravam Camaros e até Land Rovers. Com veículos de papel criados, era possível pela quadrilha fazer financiamentos fraudulentos. 

A fraude começava quando o servidor usava o pré-cadastro do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) para carros que ainda passariam pelo emplacamento para ‘esquentar’ ou criar carros de ‘papel’. 

Durante a operação desta quinta (24), foram apreendidos em espécie cerca de R$ 500 mil em vários locais, que não foram divulgados em coletiva de imprensa, em São Paulo.

Operação

 A operação aconteceu em 11 estados: São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraíba, Ceará, Paraná, Pernambuco e Maranhão. Foram descobertas cerca de 10 mil adulterações em veículos. Desse total, mais de 3.300 fraudes ocorreram em viaturas do Exército Brasileiro.

Foi determinado o afastamento das funções de 95 servidores do Detran, sendo que 85 são servidores do Detran-São Paulo; 7 do Detran-Tocantis; e 3 do Detran-Minas Gerais. Cerca de 20 despachantes também foram afastados de suas funções no estado de São Paulo. As investigações começaram no fim de 2020 e tiveram origem após ter sido detectada a clonagem de veículos do Exército. 

Os números dos chassis eram utilizados ilegalmente, com o objetivo de obter documentos legítimos, para tentar legalizar veículos oriundos de roubo ou furto. A investigação apontou que as clonagens dos chassis do Exército só foram possíveis porque contaram com a participação de servidores do Detran e de despachantes.