A defesa de Paulo Cupertino Matias, acusado de matar o ator da novela “Chiquititas” Rafael Miguel e os pais do jovem, acionou o MPSP (Ministério Público de ), a Controladoria Geral do Estado e a Corregedoria dos Presídios pedindo a investigação de policiais civis e de servidores envolvidos em sua prisão. Ele não teria autorizado a divulgação de imagens tanto da captura quanto de gravações internas das unidades prisionais em que Cupertino ficou detido.

(Foto: Reprodução/Portal G1-SP)

Conforme o Portal G1, Cupertino está sendo representado pela de São Paulo. Ao acionar os órgãos, a defesa enumera diversas reportagens televisivas que reproduziram imagens feitas pelo poder público da captura do comerciante e de sua audiência de custódia, além de gravações internas de duas unidades prisionais.

De acordo com a Defensoria, Cupertino não autorizou a divulgação das imagens. Ele teria manifestado receio de que possa sofrer represálias dentro da cadeia em razão da exposição que sofreu com a divulgação de sua imagem. Ele também disse temer que seus familiares sejam prejudicados ou sofram retaliações.

No âmbito da atuação da Polícia Civil, o defensor público Renato De Vitto, diz que o comerciante foi submetido “à verdadeira execração pública” pelo delegado geral de polícia, Osvaldo Nico Gonçalves, que se referiu a ele com os adjetivos de “vagabundo”, “cínico”, “cara de pau”, “estelionatário” e “171” publicamente, entre outros.

Conforme a Defensoria, a força policial teria permitido o registro de imagens de Cupertino sem o seu consentimento no interior dos prédios onde permaneceu. O que indicaria os possíveis crimes de abuso de autoridade e infrações administrativas.

(Foto: Reprodução/Portal G1-SP)

Renato De Vitto, destaca que a Constituição Federal protege a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, estejam elas privadas de liberdade ou não. “A cessão de imagens sigilosas tomadas dentro de unidades penais do Estado, para redes televisivas que visam o lucro, constitui crime e grave infração disciplinar”, afirma Vitto.

Vitto afirma que os agentes públicos envolvidos na prisão e custódia de Cupertino tiveram o intuito de se beneficiar com o episódio.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública), ao ser procurada, disse que os policiais agiram estritamente dentro da lei ao capturar e conduzir um fugitivo que estava foragido havia três anos.

“A Polícia Civil trabalhou arduamente para prender um dos criminosos mais procurados do estado, que matou de maneira cruel e covarde o ator Rafael Miguel e os pais dele, por não aceitar o da própria filha com o artista”, afirma a SSP em nota.

Paulo Cupertino Matias hoje se encontra na penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista. Sua defesa, porém, diz que o local não é o mais adequado e pede a sua transferência para o centro de detenção de Guarulhos ou para a penitenciária de Tremembé, afirmando suposto risco à sua integridade física e mental.

(Foto: Reprodução/Portal G1-SP)

Prisão

Cupertino foi preso no dia 15 de maio deste ano, em São Paulo (SP), quase três anos após o assassinato do ator Rafael Miguel, de 22 anos. O crime aconteceu em junho de 2019 e Paulo chegou a fugir para o na época.

Cupertino foi detido por policiais da 6ª Seccional e encaminhado ao 98º Distrito Policial, na Zona Sul de São Paulo. O delegado responsável informou que as equipes receberam denúncias de que o suspeito estava na capital paulista.

Conforme o portal G1, Cupertino era o primeiro nome na lista dos criminosos mais perigosos e procurados de São Paulo, inclusive incluído na Difusão Vermelha da Interpol. Ele teria assassinado a família por não aceitar o namoro da filha Isabela Tibcherani, de 18 anos, com o ator Rafael.

Os pais do ator, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Miriam Selma Miguel, de 50 anos, também foram assassinados. Cupertino responde por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Assassino de ator se escondeu em MS

De acordo com o delegado Pablo Ricardo Campos dos Reis, da Delegacia de Polícia Civil de Eldorado, todos ficaram surpreendidos ao descobrirem quem Paulo realmente era. O foragido usava o nome de Manoel Machado da Silva e evitava exposição. “Era um indivíduo pacato. Saía apenas para ir a lotérica ou para comprar cigarro”, disse.

Durante a pandemia, deixou a barba crescer e saía apenas de máscara, dificultando ainda mais que fosse identificado. “Ele teve contato com muitas pessoas por causa do trabalho no assentamento, mas ninguém nunca desconfiou de nada, por isso todos foram pegos de surpresa”, explicou o delegado que ajuda a Polícia Civil de São Paulo.

Pablo explica que as investigações eram conduzidas pelo Departamento de Homicídios do estado vizinho, mas diz que a polícia sul-mato-grossense tem prestado apoio. O delegado ressaltou ainda que o dono da chácara responsável pela contratação de Cupertino, identificado como Alfonso Helfenstein é piloto de avião e também é foragido.

“Contra ele há um mandado de prisão por tráfico”, disse Pablo. Alfonso já havia sido preso em 2008 por transportar 300 quilos de maconha. Os dois foram vistos pela última vez na terça-feira da semana passada, onde há registro de pouso e decolagem de uma aeronave na propriedade de Alfonso. É possível que ambos tenham fugido juntos.

Paulo Cupertino ficou aproximadamente 8 meses escondido em MS.