‘Não teria capacidade’: motorista de app preso por estupros em Campo Grande negou crimes a colega
Motoristas ajudaram a localizar o suspeito
Renata Portela –
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“Pelo amor de Deus. Cara do céu eu não teria capacidade de fazer isso, meu Deus, tenta conversar lá pelo amor de Deus”, foram as palavras do motorista de aplicativo de 38 anos, preso temporariamente por estupros e tentativa de estupro, para um colega de trabalho. Em grupos, motoristas conseguiram identificar quem foi o autor dos ataques a passageiras e auxiliar na localização do suspeito.
Colega de trabalho, motorista de aplicativo encaminhou ao Midiamax prints de conversas que teve com o suspeito, ao questioná-lo sobre a corrida da noite do dia 31 de maio, que encerrou na madrugada do dia 1º de junho. Questionado se era ele o motorista daquela corrida, ele disse que fazia tempo que não ‘rodava’.
Nesta corrida, uma mulher foi vítima de estupro pelo motorista, que já tinha estuprado outra passageira no dia 29. Ele tentou alegar que não era o motorista, que estava alugando o carro para outra pessoa. “Tô dando jeito de me tratar, com problemas psicológicos”, disse. Ele ainda afirmou que desinstalou o aplicativo de corridas.
Mesmo assim, o motorista acabou identificado pelos colegas, que o localizaram na primeira vez em que foi encaminhado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Nesta ocasião, ele prestou esclarecimentos e foi liberado por não configurar flagrante. Já no dia 9 de junho, o suspeito foi preso temporariamente e segue detido.
Passageira denunciou estupro para aplicativo
Uma das vítimas do motorista de aplicativo chegou a denunciar o caso para a plataforma. Ela mandou a descrição do suspeito para o suporte e relatou o ocorrido. Na conversa, ela fala que o motorista tentou estuprá-la e que ele a prendeu no carro por mais de 1 hora. Ainda no relato da vítima, ela conta que ele usou droga na frente dela, e que pegou o seu celular.
A vítima ainda diz: “eu estou avisando aqui porque esse homem não pode ficar pegando corrida, e a gente acha que tá segura”. Por fim, ela avisa que vai à polícia quando conseguir se acalmar. Em resposta, o suporte diz que lamenta o fato e pede mais detalhes sobre o ocorrido, como data, horário e nome do motorista.
Série de estupros
Em choque após o ocorrido, a vítima de estupro pelo motorista na madrugada do dia 29 de maio contou que solicitou a corrida por um aplicativo, ao sair do trabalho, e acionou o áudio, para que a viagem fosse gravada. Assim como nos outros casos, houve confusão no início da corrida, já que o carro que chegou não era o que aparecia no aplicativo.
O motorista disse que tinha trocado de carro, mas chamou a vítima pelo nome e falou o itinerário, quando a vítima entrou no veículo. No trajeto, ele alterou a rota. Esse era o modus operandi do suspeito, que contou à polícia que pegava direções diferentes, por locais escuros, quando atacava as mulheres.
Ele então parou o carro atrás de uma empresa, em um local escuro, e a vítima percebeu que ele fez uso do entorpecente. Logo depois, atacou a mulher que estava no banco de trás. “Não quero dinheiro, quero que você faça as coisas comigo”, disse. Sob ameaças, ele ordenou que a mulher tocasse seu órgão genital e ainda dissesse que ele “era gostoso” e que queria ter relações sexuais com o acusado.
O motorista disse inclusive que, se a vítima não o tocasse, a levaria para um matagal. A mulher acabou entrando em pânico, quando o motorista decidiu a deixar em casa. A princípio, em todos os casos ele não cobrou as corridas. Para a Polícia Civil, o motorista chegou a dizer que não escolhia as vítimas, bastava que fossem mulheres e estivessem sozinhas.
Segundo caso em menos de 72 horas
Já no dia 31 de maio, a vítima solicitou a corrida por um outro aplicativo, diferente do usado pela passageira vítima de estupro no dia 29. Ele atendeu ao pedido e conversou com a vítima pelo WhatsApp, questionando quantas pessoas fariam a corrida. A vítima disse que era apenas uma e questionou o motivo.
O suspeito então disse que só queria saber por causa do horário e pela distância. “Por segurança”, disse em mensagem. A vítima embarcou normalmente e, quando o motorista chegou ao anel viário passou a reduzir a velocidade. Ele afirmou que iria “usar algo”, e tomou o celular da passageira.
Várias vezes o suspeito teria parado na frente de fazendas e a vítima também o viu usando cocaína. Em uma das paradas, o acusado tirou o órgão genital da roupa e fez com que a vítima o masturbasse. Ele ainda chegou a passar a mão pelo corpo da vítima e disse que estava “muito drogado”.
A vítima foi deixada em casa após o abuso, quando o autor devolveu o celular. Sob ameaças, ele disse para a mulher não contar sobre o ocorrido para ninguém. A passageira ainda chegou a fazer uma reclamação no aplicativo.
Passageira conseguiu fugir do motorista
O terceiro caso que se tem conhecimento foi uma tentativa de estupro, registrada no dia 6 de junho, quando o suspeito acabou localizado e encaminhado para a delegacia para prestar esclarecimentos. O crime foi gravado em ligação, já que a vítima falava ao telefone com o marido, após chegar de viagem.
A mulher solicitou a corrida pela Uber — que esclareceu que após o ocorrido expulsou o motorista — e estranhou o fato do motorista ter cancelado a corrida. Ele, no entanto, disse que houve um erro, mas que reportaria o fato ao aplicativo. No caminho, assim como das outras vezes, mudou a rota.
A vítima estranhou e falava com o marido a todo momento no telefone. Isso não intimidou o motorista, que em determinado momento parou o carro e tentou atacar a vítima, a puxando pelo cabelo. A mulher abriu a janela e pulou do veículo, gritando. Ela conseguiu pedir ajuda a um frentista, que emprestou o telefone para ela acionar a polícia e avisar o marido que estava bem.
O suspeito foi encontrado, prestou esclarecimentos e os pertences da vítima foram encontrados no carro. Ele ainda tentou negar os fatos. Na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), foram identificadas as outras vítimas e há suspeita de que ainda outras mulheres possam ter sido vítimas do motorista.
Foi feito pedido da prisão temporária, que foi deferido e cumprido na quinta-feira (9). Preso, ele confessou os crimes.
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