Após ser acionado para mediar um conflito entre indígenas guarani e kaiowá de Laranjeira Nhanderu e fazendeiros na zona rural de Rio Brilhante, o Batalhão de Choque da Polícia Militar de se pronunciou a respeito da ocorrência. Em nota oficial, divulgada à imprensa na noite deste sábado (26), o Choque afirmou que “não se trata de reintegração de posse, e sim de ameaça e roubo”.

“O Batalhão de Choque foi acionado hoje (26) no período vespertino para atuação em decorrência de um roubo e ameaça. Indígenas invadiram a fazenda renderam o caseiro, roubaram algumas coisas, expulsaram o caseiro da casa e ficaram no local”, diz o comunicado.

A equipe declara ainda que precisou usar da força. “Chegou para o Choque a informação de que os autores estavam na fazenda. As equipes da Tropa chegaram ao local e se depararam com os indígenas em posse da área. Foi dada a ordem de retirada, pois os eles foram resistentes, resultando na utilização do uso da força pelo Batalhão. Os índios foram dispersados e a situação foi então”, afirmou o Choque em nota.

Segundo o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), os indígenas afirmam que a ação foi uma retomada em reação à iniciativa de políticos e agentes de sindicatos locais, que pretendem estabelecer um assentamento rural dentro da área reivindicada, e em processo de identificação como terra de ocupação tradicional indígena.

Por conta do conflito e da tensão na área, onde se ouviam disparos de armas de fogo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) interditou a por algumas horas neste sábado, para evitar passagem de veículos pelo local. Às 16h35, a via foi completamente liberada.

Situação tensa

As lideranças indígenas relatam que a situação, na manhã deste sábado, estava tensa e que os guarani e kaiowá estavam sendo ameaçados pelos fazendeiros que se encontravam no local. Os indígenas também relatam que decidiram iniciar o processo de retomada depois de receberem a informação de que famílias cadastradas para o novo assentamento ocupariam a área da fazenda neste final de semana, com a intenção de pressionar o Estado para agilizar a concessão de crédito fundiário.

“Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala e termina logo. Aí o pessoal começou a falar com eles e agora eles recuaram, foram para a cidade. Eles falaram que vão articular as pessoas e que vão voltar com peso de tarde”, disse uma liderança do tekoha (aldeia) à aquipe do CIMI não identificada por razões de segurança.

Assentamento ilegal

Há meses, os indígenas de Laranjeira Nhanderu vêm denunciando a iniciativa ilegal de criação de um assentamento dentro dos limites de sua área ancestral, justamente em fazendas que compõem a área reivindicada como de ocupação tradicional e incluída no estudo antropológico para a demarcação do território.

O território

O tekoha (aldeia) Laranjeira Nhanderu aguarda a conclusão dos estudos demarcatórios e foi incluído no TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) firmado entre MPF e em 2007, que estabeleceu um plano de estudos para a demarcação de terras indígenas Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul. O território de Laranjeira Nhanderu está incluído nos estudos da TI (Terra Indígena) Brilhantepegua, ainda em processo de identificação e delimitação.