Indígenas aparecem desarmados em retomada no Laranjeira Nhanderu em MS

Fazendeiros declararam que os indígenas entraram armados e encapuzados para render os funcionários da fazenda nesta madrugada

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Na imagem
Na imagem

Imagens do confronto entre indígenas guarani e kaiowá de Laranjeira Nhanderu e os proprietários da fazenda Inho, mostram que os índios que reivindicavam a retomada de uma nova parte de um território considerado ancestral, não estavam armados, diferente do que foi relatado pelos fazendeiros da região.

Equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Campo Grande chegaram a ser acionadas e interditaram a rodovia a um quilômetro do local do conflito para a segurança de todos.

De um lado, os fazendeiros com a polícia (Foto: Divulgação)

Dali, era possível ouvir estrondos e barulhos que lembravam tiros. O CIMI (Conselho Indigenista Missionário) afirmou que a retomada é uma reação à iniciativa de políticos e agentes de sindicatos locais que pretendem estabelecer um assentamento rural dentro da área reivindicada.

Os proprietários da fazenda declararam que os indígenas teriam entrado “armados e encapuzados” para render funcionários nesta madrugada. Por isso, eles teriam acionado a polícia. 

Apesar disso, imagens feitas na tarde deste sábado, em meio ao conflito, mostram os indígenas sem qualquer arma ou capuz, como descrito pelos fazendeiros. A PRF interditou um dos sentidos da BR-163 por algumas horas neste sábado, para evitar passagem de veículos pelo local. Às 16h35, a via foi completamente liberada.

Indígenas durante o conflito (Foto: Divulgação)

 

Situação tensa

As lideranças relatam que a situação, na manhã deste sábado, estava tensa e que os guarani e kaiowá estão sendo ameaçados pelos e fazendeiros que se encontram no local. Os indígenas também relatam que decidiram iniciar o processo de retomada depois de receberem a informação de que famílias cadastradas para o novo assentamento ocupariam a área da fazenda neste final de semana, com a intenção de pressionar o Estado para agilizar a concessão de crédito fundiário.

“Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala e termina logo. Aí o pessoal começou a falar com eles e agora eles recuaram, foram para a cidade. Eles falaram que vão articular as pessoas e que vão voltar com peso de tarde”, disse uma liderança do tekoha à aquipe do CIMI não identificada por razões de segurança.

Denúncias

Há meses, os indígenas de Laranjeira Nhanderu vêm denunciando a iniciativa ilegal de criação de um assentamento dentro dos limites de sua área ancestral, justamente em fazendas que compõem a área reivindicada como de ocupação tradicional e incluída no estudo antropológico para a demarcação do território.

Conteúdos relacionados