Ouvida na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) nesta quinta-feira (29) após ser resgatada, idosa de 74 anos relatou para a polícia que não era agredida constantemente pelo filho adotivo, de 35 anos, e nem maltratada. A casa onde a idosa mora estava com lixos e fezes de gato espalhados por todos os cômodos.

Conforme o depoimento da vítima, o filho adotivo é usuário de drogas, não trabalha e usa a aposentadoria da mãe para sustentar o vício. Ela acabou negando o fato de ser agredida e maltratada constantemente, o que foi afirmado pelos vizinhos, que ouviam as agressões diárias que a vítima estaria sofrendo.

Nesta madrugada, ela teria discutido com o filho porque estava nervosa e a Polícia Militar foi ao local, flagrando o suspeito com uma faca. A vítima disse que não quer que o autor saia da casa, porque ele a ajuda, sendo que também não pediu medidas protetivas. Ela ainda afirmou que o filho a teria apenas empurrado.

A delegada Thaís Duarte já havia dito ao Midiamax que a idosa tem outro filho, que vive em Ponta Porã, com quem não tem muito contato. A vítima defendia o filho adotivo a todo momento, mas isso seria uma maneira de não ficar sozinha.

A idosa foi encaminhada para a Assistência Social e o filho, preso em flagrante, passa por audiência de custódia na sexta-feira (30). Ele não prestou depoimento, porque segundo a polícia estava com os ânimos alterados.

Casa da idosa estava totalmente suja e inabitável

Equipe de reportagem do Midiamax esteve na casa onde a idosa foi resgatada. Nas imagens, é possível ver que há poucos móveis, já que a maioria teria sido vendida pelo filho da vítima, para trocar por drogas. Vários gatos circulam pelos cômodos e o cheiro forte de fezes e urina dos animais incomodava os vizinhos.

Também havia roupas espalhadas pela casa e o banheiro em situação deplorável para uso. A cozinha tinha utensílios, panelas, todas amontoadas em cima da pia, que estava suja. Dentro da geladeira havia pouca comida e a idosa relatou que há dois dias não comia. A janela da cozinha era tampada com fitas adesivas, uma maneira de evitar ‘bisbilhoteiros’.

Para a delegada Thais Duarte, da Deam, a denúncia dos vizinhos foi determinante para não ocorrer um feminicídio.

Resgatada do cárcere privado

Vizinhos da idosa resgatada relataram ao Jornal Midiamax o horror vivido pela mulher que era agredida todos os dias pelo filho. O autor foi preso e encaminhado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Uma vizinha, que não quis se identificar, contou que sempre ouvia gritos de socorro vindos da casa e que o homem ameaçava os vizinhos com facão. Os vizinhos contaram que sempre viam a idosa machucada e que já estavam acostumados a ligar para a polícia, “Era de manhã, tarde, noite, não tinha horário para ele bater nela”, disse uma moradora.

Ainda foi relatado que parentes da idosa já tinham ido até à residência, mas a idosa sempre voltava. “Uma situação deplorável, quase vomitei”, disse uma das vizinhas ao Midiamax. A casa estava toda suja, com fezes de animais por todo o lado. Só havia uma geladeira velha, uma televisão e colchões no chão.

A vizinha ainda afirmou que o homem era muito violento e não tinha boa convivência com os moradores.

Mantida em cárcere e acorrentada

A idosa contou para a Polícia Militar que estava sendo mantida em cárcere privado há dois meses, e que estava há dois dias sem comer. A vítima tinha marcas de lesões no pescoço e nas pernas que seriam de a idosa ter sido acorrentada na cama pelo filho.

Ela teve a perna quebrada em uma das sessões de espancamento e, com isso, acabou incapacitada permanentemente, tendo que usar muletas. A idosa ainda era obrigada a dormir no chão em um colchão.