Está agendada para o dia 9 de maio audiência para interrogatório de Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, réu pelo feminicídio da esposa Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos. O crime aconteceu no dia 26 de janeiro, quando a vítima foi encontrada morta na casa onde era mantida em cárcere privado, sob tortura, no Caiobá.

Adailton foi denunciado em 15 de fevereiro, pelo feminicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele também responde pelo cárcere privado, com aumento de pena se a vítima é cônjuge e também se a privação de liberdade dura mais de 15 dias.

A denúncia foi recebida e a primeira audiência aconteceu no dia 12 de abril, sendo o interrogatório do réu marcado para o próximo mês.

Cárcere, tortura e morte

Francielle foi encontrada morta em casa e, a princípio, o caso foi tratado como morte natural pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). No entanto, no laudo da funerária, o delegado que atendeu ao caso percebeu lesões. O corpo foi encaminhado para verificação do óbito e o médico então retornou, alegando que os ferimentos não eram compatíveis com morte natural.

Assim, o corpo de Francielle foi encaminhado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), onde foi confirmada a morte violenta. Francielle foi vítima de estrangulamento, asfixiada com um cordão em volta do pescoço. No corpo, várias outras lesões, dente quebrado, unhas quebradas, ferimentos na cabeça, o cabelo totalmente cortado, evidenciavam a tortura que ela sofreu por pelo menos um mês.

Foi apurado na época que Francielle teria confessado ao marido um relacionamento extraconjugal, quando as torturas começaram. A mulher era proibida de sair de casa, mantida trancada, sem poder se comunicar com os familiares ou qualquer outra pessoa.

Na casa também viviam o filho do casal, de 17 anos, e um mais novo, de 1 ano e 8 meses, que seria fruto do relacionamento extraconjugal da vítima. Adailton questionava Francielle sobre a traição e, a cada resposta dada pela vítima, ele a levava ao quarto e a torturava. Ela era frequentemente cortada com faca e, segundo a polícia, as nádegas da vítima estavam sem a pele, cobertas com bandagens.

Preso quando tentava fugir

Adailton foi preso em 31 de janeiro, quando tentava fugir, na Rodoviária de Cuiabá (MT). A prisão aconteceu com apoio de equipe da Polinter e Adailton passou por audiência de custódia, sendo decretada a prisão preventiva.

Depois, ele foi encaminhado para Campo Grande, onde foi ouvido na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).