Halls preto levou polícia até cunhado que planejou aborto que terminou na morte de Marielly

Cunhado e enfermeiro são julgados 11 anos após morte de jovem

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(Henrique Arakaki, Midiamax)

Uma bala halls preto foi peça fundamental para que a polícia chegasse até Hugleice da Silva e depois até Jodimar Ximenes. Os dois são julgados nesta quinta-feira (15) pelo aborto malsucedido que terminou na morte de Marielly Barbosa, em 2011. O corpo dela foi encontrado em um milharal em Sidrolândia, duas semanas depois do desaparecimento.

A investigadora que liderou as investigações na época, Maria Campos, disse à Justiça durante o julgamento que uma bala da marca halls, que insistentemente Hugleice oferecia a ela, foi o que reforçou as suas suspeitas de que ele estaria envolvido na morte.

Próximo ao corpo da jovem estavam várias embalagens de halls preto. Bala que constantemente o cunhado da jovem consumia e oferecia à investigadora.

Maria Campos relatou que durante as investigações do sumiço de Marielly, o cunhado sempre se mostrou solícito. A investigadora conta que ele ficava a elogiando o tempo todo dizendo que queria participar de todas as diligências. 

Quando o corpo foi encontrado no milharal e Hugleice ficou sabendo, entrou em desespero e ligou para a investigadora. Ela contou à Justiça que ele perguntava se Marielly estava com pulseira ou bijuterias. Já certa de que o cunhado tinha participação no crime, a investigadora afirmou: “você sabe que ela não estava com nada disso”. 

Depoimento da irmã de Marielly

No depoimento do julgamento, Mayara afirmou que: “eu não sei quem é essa pessoa. Hoje faço terapia depois de viver uma dependência emocional, eu não conseguia enxergar quem convivia comigo. É assustador,  e espero do fundo do meu coração que Deus não permita que ninguém passe pelo o que nós passamos.”

A irmã de Marielly ainda relembrou do desaparecimento da jovem e da angústia da família que não tinha notícias, sem saber o que estava acontecendo. “Ele assistiu a gente procurar, ir atrás de resposta. Assistiu tudo e não falou nada, se manteve calado como se não soubesse.”, falou Mayara.

Durante várias partes de seu depoimento Mayara chorou muito. “Nunca tive suspeita. Nunca observei nada que manifestasse envolvimento e ao meu ver o contato da minha irmã com ele era contato normal. Na minha frente nunca aconteceu nada que gerasse suspeita. Nem pra minha mãe”, relatou Mayara.

Ela descobriu que Marielly estava grávida quando vasculhou o quarto da irmã. Mayara ainda conta que quando descobriram o corpo de Marielly e a polícia passou a ter Hugleice como suspeito, ele falava que estavam incriminando ele. “Ele negava, dizia que era vítima, que estava sendo acusado injustamente. Dizia que minha irmã tinha se envolvido com sobrinho do ex patrão dela.”

Mayara ainda falou sobre a tentativa de homicídio que sofreu de Hugleice. “Acordei amarrada, e ele disse que tinha me traído. Foram 39 pontos e graças a Deus eu sobrevivi diferente da minha irmã. Consegui sair de dentro da casa e vizinhos chamaram uma ambulância. Passei por cirurgia. Ele cortou meu pescoço e foi embora”, falou.

Julgamento surpreende cidade do interior de MS

O clima na cidade de Sidrolândia, que tem 59 mil habitantes, foi de surpresa para moradores com o julgamento de Hugleice da Silva e Jodimar Ximenes. O crime, que teve repercussão internacional, mudou a manhã do município.

Foram 11 anos de espera para que a família pudesse ter a Justiça feita pela jovem que teve o corpo encontrado em meio a milharal após duas semanas de desaparecimento. Raquel Acosta Alves, de 49 anos, professora, contou ao Jornal Midiamax que se tornou um escândalo na época e que se lembra, já que foi bem no ano em que mudou para a cidade.

“Além de matar a Marielly, ele ainda maltrata a atual esposa (irmã da vítima). Ele é uma pessoa má”, disse a professora. Ela ainda falou que acha triste a demora em julgar os culpados. 

Outra moradora, Lidiane Marcelino, de 36 anos, falou que foi um momento muito triste, já que Marielly era muito jovem. “Espero que pague pelo que fez, que a família tenha tranquilidade depois de tanto sofrimento”. 

“A demora no julgamento só demonstra o quanto a Justiça precisa mudar”, disse Tainara Gimenez, de 34 anos. Muitos moradores disseram não se lembrar de muitos detalhes do caso, já que ocorreu há muito tempo. 

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