Grupo liderado pelo ex-major Carvalho clonava aviões para traficar cocaína e tinha MS como rota
Aviões foram apreendidos no Estado durante as investigações
Renata Portela –
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Alvo da Operação Catrapo, da Polícia Federal, organização criminosa clonava prefixos de aviões para traficar cocaína internacionalmente. A operação aconteceu no dia 6 de julho e teve como alvo um grupo liderado pelo ex-major da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) Sérgio Roberto de Carvalho.
Entre os integrantes da organização criminosa está o piloto Rogério Blumenthal, preso em flagrante em março deste ano, em Campo Grande, com quase meia tonelada de cocaína. A aeronave que ele pilotava foi interceptada pela FAB (Força Aérea Brasileira) e a prisão feita pela PF, em solo campo-grandense.
Conforme a decisão a que o Midiamax teve acesso, que deferiu os mandados de prisão temporária, preventiva, de busca e apreensão, bem como sequestro de bens, o grupo é investigado a pelo menos dois anos. O inquérito foi instaurado a partir de um informe do GDTA (Grupo de Análise de Dados Sobre o Tráfico de Drogas pelo Modal Aéreo), compartilhado em junho de 2020.
O ‘braço’ do grupo criminoso, que está ligado ao ex-major Carvalho e que tem como investigadas pessoas que foram alvos da Operação Enterprise, é comandado por um empresário e estaria clonando aeronaves para o tráfico internacional de cocaína. O Brasil, especialmente o Estado de Mato Grosso, era usado como um entreposto da droga.
No documento, é citado que são investigados ‘braços e células’ das organizações criminosas, que se retroalimentam. O entendimento é de que todas as quadrilhas estão ligadas ao grupo liderado pelo ex-major Carvalho. É ainda reforçada a ligação entre as operações The Fallen, Catrapo e Enterprise.
Aviões clonados e apreendidos
Primeiros dados da investigação apontam para a aeronave PR-GAW, cujas letras da matrícula fazem uma referência ao nome do principal investigado. Ele é apontado pela PF como responsável por financiar o tráfico, comprar as aeronaves e contratar os pilotos do narcotráfico. O homem é dono de uma empresa de manejo florestal, com sede na Amazônia.
O primeiro caso citado é da apreensão de uma aeronave em 2 de julho de 2021. O avião estava com prefixo clonado e era vinculado ao empresário, líder deste ‘braço’ da organização criminosa. A aeronave tinha registros de idas e vindas da Bolívia ao Mato Grosso e pousou em 28 de junho de 2021 em Juara (MT).
No dia 1º de julho, o mesmo avião teria seguido para a Bolívia. Foi identificado que o proprietário – após descoberto o verdadeiro prefixo – era um advogado que havia sido preso na Operação Enterprise. O avião, inclusive, tinha uma ordem judicial de indisponibilidade, não podendo ser utilizado.
Já em 4 de agosto de 2021, uma outra aeronave do grupo foi apreendida em Fortaleza (CE), com 1.303,99 quilos de cocaína. O passageiro espanhol foi preso e acabou falecendo ainda naquele ano. Já o piloto, turco, foi solto e depois acabou preso novamente na Turquia.
Dois dias depois, em 6 de agosto, uma aeronave foi apreendida em Chapadão do Sul. O avião estava registrado em nome de um laranja e já era investigado pela PF, sendo que todos voos eram investigados. O piloto decolava sem plano de voo e usava pistas clandestinas no Mato Grosso.
Em 3 de agosto, o avião foi para a Bolívia e retornou com defeito em uma peça do trem de pouso dianteiro. Dias depois, ficou parado em um hangar de Poconé (MT), que foi alvo da operação. No dia 6 de agosto, a aeronave seria levada para São Paulo, mas acabou parando em Chapadão do Sul.
A aeronave foi encontrada com várias avarias. Inicialmente a Polícia Militar não sabia que se tratava de um avião destinado ao tráfico. Os ocupantes conseguiram fugir e, horas depois, um suspeito foi até o local com um caminhão para tentar desmontar a aeronave.
Já em outubro, no dia 13, uma aeronave clonada foi apreendida com 33,294 quilos de cocaína, interceptada pela FAB. O avião também era clonada e pertencia a outro alvo da Operação Enterprise, sendo que a aeronave deveria estar indisponível para uso.
Em 11 de fevereiro de 2022, o líder do grupo criminoso e um comparsa foram presos no interior de São Paulo, com mais de R$ 400 mil em espécie, dinheiro transportado em um carro alugado. Já no dia 19 de março, a prisão do piloto Rogério foi feita em Campo Grande. Ele segue preso na Capital.
Piloto detido em Campo Grande
Naquele dia, Rogério pilotava a aeronave PT-EET, carregada com 466,3 quilos de cocaína. A Polícia Federal já tinha identificado que o piloto estava em Minas Gerais e se preparava para um voo “em condições suspeitas”. Ele seguiria para uma fazenda no Mato Grosso e retornaria no dia 20 de março.
Foi então que ele foi interceptado pela FAB e obrigado a mudar a rota com pouso obrigatório em Campo Grande, onde acabou preso em flagrante. Ele segue detido e foi alvo de mandado de busca e apreensão na Operação Catrapo.
Por fim, um outro piloto alvo das investigações teria sido preso no dia 30 de março de 2022, em Mato Grosso do Sul, após tentar apresentar documentação falsa. Ele já teria sido alvo da Operação Grão Branco em maio de 2021.
Operações Catrapo e The Fallen
No dia 6 de julho, foram realizadas as operações Catrapo e The Fallen, contra os braços da organização criminosa comandada por Sérgio Roberto de Carvalho. Na Catrapo, foram 28 mandados de busca e apreensão e 13 mandados de prisão temporária – expedidos pela 5ª Seção Judiciária do Mato Grosso – nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, Rondônia e Tocantins.
Já a Operação The Fallen cumpriu 21 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça Federal em Pernambuco, nos estados de Pernambuco, São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Bahia.
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