Seguem as buscas pelos três homens, alvos da Operação Resfriamento em Juti, município que fica a 311 quilômetro de Campo Grande. Um dos acusados, Adriano Passarelli, era gerente da agência do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul).

Conforme a delegada Ana Cláudia Medina, do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), o trio é considerado foragido. As equipes policiais continuam em diligências para prenderem os acusados.

Foram decretadas as prisões preventivas do gerente e dos empresários, pai e filho, que serviam de operadores financeiros para a quadrilha. Após a operação, Passarelli entrou de férias, que vão de 16 de novembro até 2 de dezembro, conforme publicado no Diário Oficial.

Os três homens são acusados de integrarem o esquema criminoso, que movimentou mais de R$ 17 milhões. O grupo era dividido entre despachante, político e financeiro.

O grupo criminoso ainda tinha outros servidores envolvidos no esquema de recebimento de propinas, na emissão e documentos irregulares de veículos. Outro servidor do Detran e um despachante tiveram a conversão da prisão em preventiva.

A polícia pede para quem tiver informações sobre o paradeiro dos foragidos fazer denúncia anônima. Durante as investigações, descobriu-se que somente em transações diretas entre o servidor e o despachante, teriam sido movimentados mais de R$ 150 mil.

Durante o cumprimento dos mandados de busca, na última semana, foram ainda apreendidos diversos documentos, valores, veículos.

Também foram identificados outros veículos que tiveram documentos fraudados em Juti. Mesmo sendo proibida a circulação de veículos com 4 eixos, quando solicitado pelo despachante os documentos eram emitidos com a inserção de dados falsos no sistema.

3 grupos no esquema

Durante as investigações, foi descoberta a existência de três grupos com funções bem definidas e delimitadas dentro da organização. O primeiro é o grupo despachante.

Este grupo tinha a função de captação de clientes, proprietários de veículos irregulares, que teriam a intenção de regularizá-los indevidamente.

Após a captação dos clientes e pagamento pelo serviço, o despachante encaminhava os documentos para o grupo político, integrado pelos dois servidores públicos da agência de trânsito de Juti.

Por sua vez, os servidores são responsáveis por fazer as alterações falsas no sistema do Detran, mesmo diante das irregularidades do veículo, endereços falsos e ausências de documentos obrigatórios.

Para o financiamento do esquema, contavam ainda com o grupo financeiro, composto por pai e filho, que serviam como verdadeiros operadores financeiros da organização.

Além de pagamentos diretos entre o grupo despachante e o grupo político, que se aproximam de meio milhão de reais, também eram realizadas transações financeiras por intermédio dos operadores financeiros, que, além disso, também seriam responsáveis pela dissimulação e ocultação dos valores movimentados pela organização criminosa.

Com o auxílio dos operadores financeiros, mais de R$ 17 milhões foram movimentados pela organização, sendo mais de um milhão de reais transacionados apenas por um dos servidores, com salário em torno de R$ 3 mil.