Policiais do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) estão a procura do gerente da agência do Detran (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), em Juti, quando tentavam cumprir a ordem de prisão preventiva contra ele, que é integrante de um esquema de fraudes que movimentou mais de R$ 17 milhões. Esquema era dividido em 3 grupos: despachante, político e o financeiro.

Informações passadas pela delegada Ana Cláudia Medina são de que foram decretadas a prisão preventiva do gerente, e do pai e filho, que serviam de operadores financeiros para a quadrilha, que tinha outros servidores envolvidos em um esquema de recebimento de propinas na emissão e documentos irregulares de veículos.   

Outro servidor do Detran e um despachante tiveram a conversão da prisão em preventiva. A polícia pede para quem tiver informações sobre o paradeiro dos foragidos fazer uma denúncia anônima. 

Durante as investigações descobriu-se que somente em transações diretas entre o servidor e o despachante, teriam sido movimentados mais de R$ 150 mil. Durante o cumprimento dos mandados de busca, na última semana, foram ainda apreendidos diversos documentos, valores, veículos.

Também foram identificados outros veículos que tiveram documentos fraudados em Juti. Ainda segundo a delegada, mesmo sendo proibida a circulação de veículos com 4 eixos, quando solicitado pelo despachante investigado, os documentos eram emitidos normalmente, com a inserção de dados falsos no sistema, como a ausência de documentos de segurança e utilização de endereços falsos. 

3 grupos no esquema 

Durante as investigações, foi descoberta a existência de três grupos com funções bem definidas e delimitadas dentro da organização. O primeiro é o grupo despachante. Este grupo tinha a função de captação de clientes, proprietários de veículos irregulares, que teriam a intenção de regularizá-los indevidamente.

Após a captação dos clientes e pagamento pelo serviço, o despachante encaminhava os documentos para o grupo político, integrado pelos dois servidores públicos da agência de trânsito de Juti.

Por sua vez, os servidores são responsáveis por fazer as alterações falsas no sistema do Detran, mesmo diante das irregularidades do veículo, endereços falsos e ausências de documentos obrigatórios. Para o financiamento do esquema, contavam ainda com o grupo financeiro, composto por pai e filho, que serviam como verdadeiros operadores financeiros da organização. 

Além de pagamentos diretos entre o grupo despachante e o grupo político, que se aproximam de meio milhão de reais, também eram realizadas transações financeiras por intermédio dos operadores financeiros, que, além disso, também seriam responsáveis pela dissimulação e ocultação dos valores movimentados pela organização criminosa. Com o auxílio dos operadores financeiros, mais de R$ 17 milhões foram movimentados pela organização, sendo mais de um milhão de reais transacionados apenas por um dos servidores, com salário em torno de R$ 3 mil.