Em última ligação antes de assassinato, mãe ouviu Rhennan dizer que estava indo embora

O jovem foi assassinado com um tiro nos altos da Afonso Pena

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Rhennan foi assassinado em outubro de 2021 (Arquivo Pessoal)

“Estou aqui na Afonso Pena, já estou indo”, disse Rhennan Matheus Oliveira Tosi, de 19 anos, para a mãe, pelo telefone, momentos antes de ser assassinado. O jovem foi morto a tiro nos altos da Avenida Afonso Pena, no dia 31 de outubro de 2021.

A mãe disse ao Midiamax que, no dia do crime, saiu para trabalhar de manhã enquanto Rhennan saiu com o pai para um campeonato de pipa. À noite, quando chegou em casa, ela telefonou para o pai e questionou sobre o paradeiro do jovem, ao que o pai respondeu que ele tinha ficado na Afonso Pena.

Em seguida, a mãe telefonou para Rhennan. “Estou aqui na Afonso Pena, já estou indo”, disse o jovem. No entanto, naquela noite o rapaz acabou assassinado a tiro por Jhonny de Souza da Mota, 25 anos. É o que diz a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Nesta segunda-feira (2), houve audiência e testemunhas foram ouvidas.

Pai de Rhennan (Foto: Marcos Tenório)

A mãe de Rhennan ainda lembrou que ele era um jovem tranquilo. “Não era de briga”, disse. Massai Tosi, pai de Rhennan, relembrou que estava com ele naquele dia. Quando voltavam para casa, o jovem pediu para ir até a Afonso Pena, desceu do carro e seguiu em outro veículo, com os amigos.

“Que a justiça seja feita. Era um menino exemplar”, lembrou Tosi. Segundo o pai, o jovem estava se preparando para cursar Enfermagem em 2022.

Réus pelo assassinato de Rhennan

Jhonny e Diego Laertes Vieira Vasconcelos, 23 anos, são réus pelo homicídio do jovem Rhennan Matheus. Relatório do inquérito policial foi encaminhado ao Judiciário no dia 10 de novembro e, no dia 12, a denúncia foi apresentada pelo MPMS, por meio da promotora de Justiça Lívia Carla Guadanhim Bariani. Conforme a peça, o crime foi praticado por motivo fútil.

A denúncia foi recebida em 17 de novembro, pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, tornando os acusados réus. A denúncia aponta que Rhennan estava nos altos da Afonso Pena com amigos, quando Jhonny e Diego chegaram, sendo que o segundo já estava armado.

Em determinado momento, um conhecido dos autores e vítima chegou e o para-choque do veículo caiu. Rhennan pegou o objeto e acabou esbarrando em Diego. Diego já se aborreceu e foi tirar satisfação, mas o amigo em comum o acalmou, dizendo que a vítima era uma pessoa de bem.

Depois, Rhennan pegou uma cadeira e começou a imitar um rapaz, conhecido dos autores, que fazia manobras — conhecidas como ‘zerinhos’ — com a motocicleta. A brincadeira inclusive foi filmada e divulgada. Desta vez, foi Jhonny quem se incomodou com o rapaz e chamou Rhennan para brigar, conforme aponta o MPMS.

No entanto, a vítima se negou e voltou para o grupo de amigos. Jhonny então foi até Diego, pediu a arma de fogo e, sem dizer nada, atirou e matou Rhennan, fugindo em seguida com o comparsa. Após denúncia anônima sobre o paradeiro da dupla, os rapazes foram presos pelo homicídio e porte ilegal da arma de fogo.

O MPMS denunciou Diego pelo homicídio e porte ilegal e Jhonny por homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa do crime.

Brincadeira filmada

Vídeos que circularam na internet mostram Rhennan dando ‘zerinho’ com uma cadeira, como se estivesse brincando, enquanto um motociclista realiza de fato a manobra. Nas imagens, é possível ver que o homem chega a avançar com a moto para cima de Rhennan, depois que a vítima fez a simulação.

A pessoa que filma questiona se o motociclista ficou bravo com a brincadeira do rapaz. Jhonny foi preso no bairro Chácara Cachoeira, na manhã seguinte ao crime. O carro usado na fuga, uma Saveiro, também foi apreendido pelos policiais.