Desaparecimento de trilheira completa três meses e deixa inquérito ‘só com fala de testemunhas’

Polícia Civil ouviu dezenas de testemunhas e as buscas estão em andamento.

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Buscas foram feitas na região da cachoeira Los Pagos – (Divulgação)

O desaparecimento da trilheira Tânia Bonamigo, de 62 anos, completa três meses neste sábado (9). Da linha de investigação às buscas, o que se tem no inquérito policial são fotos do local e depoimento de testemunhas que estavam com a vítima, pouco antes do sumiço. Nenhuma pista. Nenhum objeto encontrado. Nenhum indício de crime.  

Segundo o delegado Fábio Magalhães, responsável pelo caso, as buscas estão em andamento, porém, sem novidades. O Corpo de Bombeiros, após 30 dias sem qualquer vestígio da idosa, encerrou a varredura na região da trilha, que passa pela cachoeira Los Pagoas, além de toda a extensão da área, em um percurso de mais de 300 km.

Neste período, conforme nota divulgada pela corporação, foram utilizados vários meios para as buscas, como cães farejadores, helicópteros das Forças de Segurança, drones e o revezamento de diversas equipes. E, mesmo encerrando os trabalhos, os militares disseram que podem retomar as ações a qualquer momento, caso alguma novidade ou vestígio da vítima surjam.

Policial experiente acredita em fuga

Policial civil há 32 anos e experiente na busca por desaparecidos, a investigadora Maria Campos, de 52 anos, diz que acredita em uma possível fuga. “Fiquei acompanhando este caso de longe e, na minha concepção, ela empreendeu fuga. Saiu ali das pessoas, do tumulto e foi para outro rumo. Não posso me aprofundar, não participei das investigações, porém, estive em contato com uma familiar dela e me coloquei à disposição”, explicou.

Conforme a policial, que se tornou referência nacional na busca por pessoas desaparecidas e inclusive criou um setor, no ano de 2003, Tânia deve ser tratada ainda como uma pessoa desaparecida e não vítima de algum crime, como homicídio, por exemplo. 

Cachoeira onde ocorreu o desaparecimento de trileira. Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

“Pela experiência, fazemos comparações de casos, tratamos a informação e fazemos também o trabalho de localização, principalmente porque há um tempo resposta para irmos em direção ao alvo. No decorrer do trabalho, a gente vai analisando se continua naquela direção ou muda, é um trabalho contínuo”, disse a investigadora. 

Sobre a hipótese dela ter sido morta por algum animal, Maria acha pouco provável. “Onça não come roupa, tênis, acho complicado falar isso. A família também não parece estar pressionando a polícia, imprensa, porque é a primeira coisa, é isso que acontece. Todos querem resposta desde quando fazem o boletim de ocorrência e primeiros buscamos detalhes da família, da pessoa, para, em seguida, instaurar o inquérito policial”, comentou Campos. 

Nestes casos, muitas vezes, a polícia precisa saber se a vítima tinha histórico de sumiço, se fazia uso de drogas, se está em algum relacionamento saudável ou não, entre outros fatores. “Se os bombeiros chegassem com alguma roupa, algo que tinha na mochila, só que não há nada, então, fica complicado. Existem especulações de que a vítima já fugiu uma vez para o Chile, que esta não seria a primeira fuga, então, no meu entendimento, é o caso de um desaparecimento. De uma pessoa que tomou outro rumo”, finalizou a investigadora. 

Trilheiros andam em comboio e reforçam cuidados

Do mais experiente ao mais recente trilheiro, a regra sempre vale: andar unido, em comboio. Desta forma, caso algo aconteça, uns ajudam os outros e conseguem buscar socorro, se necessário, de forma mais rápida. Com o sumiço de Tânia Bonamigo, de 62 anos, na região da cachoeira Los Pagos, em São Gabriel do Oeste, norte do Estado, os trilheiros dizem que estão reforçando ainda mais os cuidados e torcendo para ela ser encontrada. 

“Eu participo de trilhas há um ano e meio já e fui em várias em torno de Campo Grande, como a do Furnas do Dionísio e Sidrolândia. Nós estamos sempre em grupos. Eu é que, de vez em quando, me aventuro a fazer algo sozinho e sou até chamado de maluco pelos amigos. Eles explicam que, caso ocorra algum acidente, eu posso ficar na mão e agora estamos reforçando os cuidados”, afirmou recentemente ao Jornal Midiamax o publicitário Luiz Acosta Ribeiro, de 39 anos. 

Entenda o caso 

Tânia desapareceu no dia 9 de janeiro deste ano, um domingo, enquanto fazia trilha com amigos e familiares, em São Gabriel do Oeste, a 118 km de Campo Grande. Desde então, várias teorias sobre o desaparecimento surgiram. 

Conforme o delegado, várias pessoas já foram ouvidas e sempre que havia algo discrepante nos depoimentos, elas eram novamente chamadas para esclarecimentos.

Mesmo assim, não há ainda algo concreto sobre o que aconteceu com Tânia. O caso segue em investigação pela Polícia Civil do município.

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