Do mais experiente ao mais recente trilheiro, a regra sempre vale: andar unido, em comboio. Desta forma, caso algo aconteça, uns ajudam os outros e conseguem buscar socorro, se necessário, de forma mais rápida. Com o sumiço de Tânia Bonamigo, de 62 anos, na região da cachoeira Los Pagos, em São Gabriel do Oeste, norte do Estado, os trilheiros dizem que estão reforçando ainda mais os cuidados e torcendo para ela ser encontrada. 

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Luiz diz que participa de trilhas há um ano e meio em MS. 
Foto: Redes Sociais/Reprodução

“Eu participo de trilhas há um ano e meio já e fui em várias em torno de Campo Grande, como a do Furnas do Dionísio e Sidrolândia. Nós estamos sempre em grupos. Eu é que, de vez em quando, me aventuro a fazer algo sozinho e sou até chamado de maluco pelos amigos. Eles explicam que, caso ocorra algum acidente, eu posso ficar na mão e agora estamos reforçando os cuidados”, afirmou ao Jornal Midiamax o publicitário Luiz Acosta Ribeiro, de 39 anos. 

Quando está com os outros trilheiros, Luiz ressalta que o pessoal está sempre em comboio. “No caso de atividades mais longas, que envolvem o ciclismo, por exemplo, acontece de alguém ficar para trás, mas, temos pontos estratégicos em que o pessoal para e espera quem demorou um pouco mais. Esses dias mesmo, colocaram no grupo que uma pessoa demorou muito porque tinha passado mal e aí poderia ter acontecido algo pior”, disse. 

Recentemente, o publicitário relata um perrengue que ocorreu durante uma trilha. “Foi uma situação delicada, porque um colega se acidentou em uma morraria. Ele machucou boca, nariz, testa e eu tive que voltar e pegar o carro para socorrê-lo. Os acidentes são mais frequentes sim, mas, no caso dele deu tudo certo. Eu o encontrei após duas semanas e ele já estava bem, recuperado”, relembrou Luiz.

Proprietária de uma agência de turismo, trilhas especializadas e de aventura há 7 anos, Vivian Mellane de Freire, de 40 anos, diz que estas atividades ao ar livre possuem risco e é necessário estar ao lado de profissionais experientes. No caso da Tânia, a empresária diz que a atendeu como cliente em algumas ocasiões, porém, não conhecia as pessoas do grupo que ela estava atualmente. 

“As atividades ao ar livre, ainda mais em cachoeiras altas, podem se tornar perigosas caso a pessoa não siga as orientações e diretrizes destas atividades. É por isso que sempre falo da quantidade mínima de pessoas, da necessidade do turista saber as orientações desde o local de chegada e saída, como funcionará a atividade, saber se alguém que conhece a região vai acompanhar, todos estes detalhes”, explicou Vivian. 

Bombeiros dizem que chamado não é comum

O ressalta que o chamado, por desaparecimento em trilha, não é algo comum. “É raro esta situação, não é comum sermos acionados para buscar desaparecidos em trilhas. E, quando isto acontece, a pessoa logo é encontrada e não chega nem a ser divulgado o caso. Mas, nestes locais sempre existe a possibilidade da pessoa se perder, então precisa tomar as medidas de segurança e orientações”, explicou Fábio.

Polícia Civil investiga o caso

Ao Jornal Midiamax o delegado Fábio da Silva Magalhães diz que continua a investigar o caso, tentando apurar todas as hipóteses para o sumiço da Tânia. O inquérito foi instaurado no dia 12 de janeiro deste ano. 

“Nós continuamos com a investigação. Até o momento, 20 pessoas foram ouvidas. E são várias as hipóteses. Realmente surgiu uma história de que este não seria o primeiro sumiço dela, mas, a família negou e disse que é a primeira vez que isto acontece. No mais, estamos apurando”, disse o delegado. 

Buscas com drones, cães e helicópteros

Para as buscas, os militares usam drones, inclusive, com sensor térmico, além de cães e até um helicóptero da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

No dia 21 de janeiro, 17 bombeiros retomaram as buscas por Tânia após troca de militares para fazer a varredura no local. Equipes de salvamento em alturas também fizeram parte das buscas.

Buscas iniciaram no dia 9 de janeiro – (Divulgação)