‘Clamo por Justiça’, diz mãe de mulher estuprada por enfermeiro no HRMS

Enfermeiro de 52 anos será julgado por conselho nesta quinta; ele é acusado de estupro de vulnerável, quando vítima tratava Covid-19 no HRMS

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Julgamento de enfermeiro será nesta quinta-feira (15), em Campo Grande (Foto: Henrique Arakaki/Midiamax)

Momentos antes do início do julgamento do enfermeiro de 52 anos acusado de estuprar uma paciente no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, a mãe da vítima afirma que hoje é um dia divisor de águas para a família, que se viu passando por inúmeros problemas desde a data do crime, em fevereiro de 2021.

Na manhã desta quinta-feira (15), a mãe da vítima se encontrou com o Jornal Midiamax em frente ao Coren (Conselho Regional de Enfermagem de MS) e afirmou que ‘clama por Justiça’. A mulher, que terá sua identidade preservada, disse que o enfermeiro acusado de estupro acabou com a vida da filha e, consequentemente, de toda a família.

Devido ao trauma, a vítima enfrenta vários problemas psicológicos e precisa fazer tratamento constante com psicólogo, bem como psiquiatra. Além disso, a mãe ressalta que a filha desenvolveu distúrbios, não consegue sair à noite e só frequenta a igreja hoje em dia. Portanto, o peso do julgamento desta quinta para a ela é que isso não aconteça com outras mulheres.

“Hoje eu espero que ele seja excluído de uma categoria que é tão importante. É uma vergonha para a classe dos enfermeiros. Desejo que isso não aconteça com outras pessoas”, diz.

Julgamento

O enfermeiro de 52 anos, acusado de estuprar uma paciente no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, será julgado pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem) nesta quinta-feira (15). O crime aconteceu em fevereiro de 2021, quando a vítima estava internada no hospital em Campo Grande.

O enfermeiro será julgado pela Comissão de Ética do Coren, após as acusações de estupro de vulnerável. Esse julgamento acontece um ano e 10 meses depois que o crime aconteceu, enquanto o profissional trabalhava.

Coren-MS (Foto: Anna Gomes/Midiamax)

Sobre o crime

A vítima foi internada no HRMS em 2 de fevereiro de 2021 com sintomas de Covid-19. Dois dias depois, na madrugada do dia 4, às 3 horas, ela foi estuprada pelo enfermeiro após reclamar de problemas para respirar.

Consta nos autos do processo que a vítima estava com dores e o enfermeiro teria arrumado o oxigênio. Depois, com um óleo, passou a massagear a mulher e a estuprou. Às 5h30, a vítima relatou o ocorrido para a mãe.

Pouco tempo depois, a mulher foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e registrou boletim de ocorrência por estupro. O hospital também foi acionado sobre o ocorrido.

Assim, no dia 6 de fevereiro, a vítima começou o tratamento psicológico, ainda no hospital. Já no dia 9 foi encaminhada ao Centro de Atendimento à Mulher e também recebeu alta hospitalar.

No dia seguinte, dia 10 de fevereiro de 2021, a vítima foi ouvida na Deam. Lá, confirmou os fatos denunciados e o caso chegou até a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Seccional de Mato Grosso do Sul. Com isso, foi solicitada providência por parte do Coren.

Estupro foi denunciado e enfermeiro se tornou réu

Ainda naquele mês, no dia 18, a vítima foi até a Deam novamente para acareação. Então, reconheceu o enfermeiro denunciado como autor do estupro.

Em 7 de maio, o inquérito policial foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que ofereceu a denúncia em 18 de novembro. A denúncia foi recebida e o acusado se tornou réu por estupro de vulnerável.

Agora, na quinta-feira, a presidência do Coren irá julgar o processo ético-disciplinar em que o enfermeiro consta como autor de estupro. Além dele, participarão a mãe da vítima e a vítima.

O processo tramitava na Vara da Violência Doméstica e Familiar, no entanto, por não configurar violência doméstica, agora está na 3ª Vara Criminal. Audiência está marcada para o início de 2023.

Relatos de terror

A vítima relatou os momentos de terror que viveu no hospital quando foi abusada pelo enfermeiro. “Tentei me jogar da cama e fazer barulho [para chamar a atenção]. Estávamos no sétimo andar e tinha grade na janela, mas a vontade que tinha era de me jogar de lá, para que ele não continuasse. Tive medo de que subisse em mim. A senhora que estava na cama do lado estava apagada [por isso não ouviu]”, relatou sobre os abusos sofridos.

Alegando que iria passar um óleo pelo corpo dela, sob a justificativa de que iria melhorar a respiração e evitar lesões, o homem a violentou. Primeiro, espalhou a substância pelas costas dela e, em seguida, começou a tocá-la nas partes íntimas.

Mesmo sem forças, ela reagiu e se debateu. Porém, a paciente entrou em colapso, momento em que chegou uma enfermeira ao quarto. A mãe conta que a enfermeira que havia acabado de entrar no quarto, não teria percebido que a paciente tinha sido abusada.

Ela recebeu atendimento e, após ser medicada, conseguiu ligar para a mãe pouco antes do início da manhã do mesmo dia. A mãe relata que foi imediatamente ao Hospital Regional e, no mesmo dia, procurou a polícia para registrar o boletim de ocorrência.

Na época, a paciente foi transferida para outro quarto, em andar diferente do hospital, onde recebeu alta no dia 9 de fevereiro.

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