Assessor de vereador ofereceu ‘cuidar’ de família de comparsa para assumir cocaína apreendida

Advogado também teria pedido para que funcionário da Funesp assumisse a droga

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O assessor do vereador Ademir Santana, Robson José Ximenes, de 31 anos, que acabou preso nessa terça-feira (4), no bairro São Conrado, em Campo Grande, teria sugerido ao funcionário da Funesp (Fundação Municipal de Esportes) e seu comparsa, José Torres Júnior, de 32 anos, que assumisse a cocaína, já que iria ‘cuidar’ de sua família.

José disse em depoimento que, quando ele e Robson estavam na viatura da Polícia Militar sendo levados para a delegacia, o assessor do vereador teria pedido para que assumisse a propriedade da cocaína apreendida em duas caixas de papelão, já que arrumaria um cargo comissionado para a esposa de José.

Robson ainda teria prometido ‘cuidar’ das filhas do comparsa, caso ele assumisse os 41 quilos da cocaína. O funcionário da Funesp ainda contou que, na delegacia, o advogado de Robson sugeriu que ele ajudasse o assessor do vereador, dando a entender que assumisse a droga apreendida pela polícia. 

Ainda durante o seu depoimento, José contou que já tem passagens pela polícia, sendo que atualmente cumpre pena em regime domiciliar por uma condenação de roubo. Ele relatou que presta serviços para Robson há aproximadamente três anos.

José ainda relatou que, na tarde de terça (4), Robson teria ligado para ele, pedindo que fosse junto buscar uma doação. Então, Robson foi até a casa do amigo no Prisma, que conforme apurado pelo Midiamax está em nome de um assistente parlamentar, nomeado no mesmo dia que Robson para cargo comissionado na Câmara Municipal de Campo Grande.

Depois, saíram dali e foram para casa de Robson, onde descarregaram as caixas dentro de um quarto. Eles ainda conversaram e, na hora de ir embora, Robson teria sugerido que ele saísse com o Prisma, para não ter que pedir carona para a esposa. Ele foi embora, mas voltou após o amigo pedir que ele levasse um carregador de celular.

Então, quando chegava, percebeu a viatura do Batalhão de Choque já na esquina na casa de Robson. José afirma que achou estranho e passou direto com o carro pelos policiais militares, mas alega que não tentou fugir. Ele ainda relata que não sabia da droga.

Podem ser exonerados

O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto (PSDB), pronunciou-se novamente sobre a questão de outro comissionado do gabinete do vereador Ademir Santana (PSDB) estar envolvido no esquema de tráfico.

Procurado pelo Jornal Midiamax, Carlão usou um ditado popular bem conhecido e ressaltou que se o mesmo é consciente do envolvimento no esquema, sabe que também terá a exoneração publicada imediatamente. “Pau que dá em Chico dá em Francisco também, se ele está envolvido ou sabia desse esquema ele também será exonerado. Não vamos compactuar com esses tipos de atitudes”, pontuou.

O vereador Ademir já tinha se pronunciado sobre a prisão de Robson em nota:

“Tomamos conhecimento na manhã de hoje que um membro da assessoria estaria envolvido em ocorrência policial. Lamentamos o ocorrido e ficamos surpresos, mas tenho confiança no trabalho da justiça e das autoridades policiais.

Sobre a pessoa de Robson, apenas podemos atestar a sua conduta enquanto assessor parlamentar e que levava diversas solicitações de melhorias para os bairros da sua região. Ao ser nomeado apresentou as certidões criminais negativas e infelizmente não podemos controlar ou conhecer as condutas particulares de cada um. Por fim, registramos que não compactuamos com o ocorrido e todas as providências para sua exoneração já foram tomadas.”

Conteúdos relacionados